Editorial – Tempos sombrios
O repúdio popular, no Brasil, aos desmandos perpetrados pela casta política há décadas levou à debacle de movimentos e quadrilhas que os alimentaram. Nesse quadro, elegeram o atual governo por falta de opção.
Raros analistas – desses que não têm salafrário favorito – alertaram pela inconsistência e risco de trocar fanáticos ou compinchas de um time por êmulos de outro, ainda que devido razões justas. É a velha história de pular da frigideira para cair no fogo.
Assim, levanta sérias dúvidas a posição da Advocacia Geral da União, através de expressão de seu advogado-geral, André Mendonça, dando aval à lambança do presidente do Supremo ao baixar o Inquérito nº 4.781/STF; com persecução a quem opine contra desmandos institucionais ou escrache “personalidades”.
A AGU segue ordens expressas do Executivo e para ele opera, de vez que seu chefe é por ele nomeado. Quem, do atual governo e associados, se beneficiaria com aquela violência jurídica, e por que? Quem quer esconder o quê, e intimidar quem?
Mesmo que eleito, governar apoiando iniciativas inconstitucionais constrangedoras do direito de expressão é negócio ruim. Impondo medo, como é o caso, pior ainda. Um dia a casa cai, porém as consequências dos desmandos motivados por razões pessoais e interesses de grupelhos; outros que os do país, levam anos, décadas a serem corrigidas. Seguimos enfrentando tempos sombrios…