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Pesquisa inédita – Os médicos e a assistência à COVID-19

84,5% dos médicos compreendem que o pior está por vir

Apuração realizada pela Associação Paulista de Medicina aponta ainda que 96,6% admitem a possibilidade de faltar profissionais para o atendimento e mostra que 58,5% (entre médicos e equipe multidisciplinar) já foram vítimas de violência relacionada à pandemia; 64% dos médicos não foram testados para Covid-19
Como resultado, a Associação Paulista de Medicina realizou, entre 15 e 25 de maio, nova pesquisa sobre os problemas e carências dos médicos no enfrentamento à Covid-19 e eventuais reflexos na assistência aos pacientes infectados. A amostragem contou com a participação de 2.808 profissionais de todo o País, respondendo espontaneamente a questionário estruturado on-line, via plataforma Survey Monkey.

Além disso, questões de relevância para a segurança do atendimento, para minimizar riscos aos médicos e aos pacientes, embasaram o levantamento. Por exemplo: indagados sobre a percepção que têm do isolamento social, a somatória de 75,3% respondeu bom e importante.

Novo coronavírus

Talvez por conhecerem a fundo a realidade do novo coronavírus, os profissionais de Medicina não demonstram otimismo quanto ao futuro imediato em São Paulo e no Brasil. Ao contrário: 84,5% consideram ainda não atravessamos a pior onda da Covid-19.

De acordo com, apenas 3,4% afirmam ser improvável faltar médicos para cuidar dos infectados. Os outros 96,6% admitem a possibilidade isso ocorrer, em variados níveis. Aliás, 46% dos que estão na linha de frente apontam que já faltam médicos e profissionais da Saúde nas unidades em que trabalham.

Em contra partida, outros dados preocupantes dizem respeito à integridade dos médicos: 58,5% já presenciaram ou souberam de casos de violência contra médicos e outros profissionais da Saúde por conta da pandemia. O mais grave é que 17% desses episódios são de agressão física. 64% dos médicos da linha de frente não foram testados para Covid-19. Quer dizer, são profissionais vulneráveis, assim como os pacientes que assistem.

Profissionais de Medicina

Nesse sentido, aos profissionais de Medicina, foi indagado também se a rotina de atendimento a pacientes e a percepção deles condizem com os números oficiais de casos divulgados pelas autoridades de Saúde, tanto de infectados quanto de óbitos. Foram 63% os que disseram que não.

Além disso, deficiências das mais diversas receberam apontamentos dos entrevistados pela pesquisa APM. 33% dizem que faltam máscaras N95, PFF2 ou equivalente (N99, N100 ou PFF3) nos hospitais em que atendem. Há carência de leitos para pacientes que precisam de internação em UTI (18%) e de leitos para os pacientes que precisam de internação em unidades regulares (12,2%).

Por outro lado, os médicos e profissionais da Saúde não estão trabalhando com estrutura física/insumos adequados e segurança na opinião de 50,3% dos que responderam ao levantamento e estão atendendo pacientes com Covid-19.

Somente 58,7% relatam que quando algum profissional da Saúde tem manifestações clínicas que possam ser atribuídas à COVID-19 ele é sistematicamente submetido ao teste para confirmação diagnóstica, em todos os lugares onde trabalham.

A população também sofre neste quesito: 39,4% dos médicos da linha de frente pontuam que só há testes para os pacientes com sintomas graves e 9,1% relatam não existir testes em seus locais de trabalho.

Entre os médicos que estão atuando no combate à pandemia, 22,3% dizem estar plenamente capacitados para atender os enfermos em qualquer fase da doença, inclusive quando graves, sob tratamento intensivo.

Deficiência do setor público

Ainda sobre capacitação, fica clara mais uma deficiência do setor público: atualmente, 38,5% dos médicos da linha de frente recebem atualização científica dos hospitais, 38% têm acesso a conhecimento científico via associações médicas e 61,5% pesquisam diretamente na literatura médica. Já o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais ficam no fim da fila com índices de 31,5%, 17,5% e 18,5%, respectivamente.

A propósito, a conceituação do Ministério da Saúde despencou após a saída de Luiz Henrique Mandetta. O ex-titular da cadeira tinha excelente aprovação na primeira edição da pesquisa da APM e parcos 5% de ruim e péssimo. Na pesquisa de agora, o MS teve 43,1% de ruim e péssimo – aumento de mais de 800% nas críticas.

Os médicos da linha de frente seguem apreensivos, pessimistas, deprimidos, insatisfeitos e revoltados – em uma somatória de 79,3%. Apenas 20,7% dividem-se entre otimistas (5,3%) e tranquilos (15,4%).

No período da pesquisa, 75,3% dos profissionais atendiam até cinco pacientes com suspeita e/ou confirmação diariamente. Outros 24,7% respondiam à desumana e arriscada carga de atender entre 6 até mais de 20 infectados por dia, em média.

Destes profissionais da linha de frente do combate à pandemia, 33,7% tiveram pacientes assistidos que vieram a falecer com suspeita e/ou confirmação da doença. Cerca de 7,3% já viram morrer entre seis até mais de 20 pessoas.

A despeito de estarem trabalhando muito mais e de colocarem todos os dias suas vidas em risco para atender ao próximo, os profissionais de Medicina relatam que tiveram queda de renda em razão da pandemia (85,2%), sendo que 37,6% acusam queda acentuada na remuneração.

Acontece Comunicação e Notícias  

Chico Damaso, Milena Alvares e Beatriz Zolin

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