É nossa convicção que, no Estado Democrático de Direito, o papel dos poderes públicos é orientar, organizar e dirigir a população em momentos graves. Impondo medidas obrigatórias apriorísticas, têm a obrigação de proporcionar-lhe, por exemplo, os meios para que sejam seguidas e, jamais, ameaçar a cidadania com "punições".

Sendo assim, estamos ante situação extrema com a pandemia do Covid-19, a qual consiste em três crises: a da própria enfermidade mortal, a dos seus efeitos colaterais nas atividades produtivas com quebradeira de empresas e grave desemprego e, por fim, inaceitável crise política absolutamente irracional e temerária.

Tudo que é bem explicado não sai caro…

Portanto, bastaria a sensatez de pôr qualquer interesse mesquinho, pessoal ou político, em plano secundário e buscar a união de esforços, a transparência nas atitudes e busca de saídas viáveis e harmônicas para tornar as duas primeiras menos graves, deixando a terceira para depois do vendaval. O mandatário probo não se preocupa em vencer, porém em convencer. Apresenta e discute argumentos com sabedoria, perspicácia e sensibilidade por mais urgente que seja a situação e ameaçadores os seus efeitos. Não impõe, propõe. Aceita críticas justas e bem fundamentadas, não perdendo tempo com as injustas e desqualificadas. Orientar, organizar e dirigir a cidadania requer dom, talento e competência. E doses inesgotáveis de bom senso…

Walter Estevam Junior é jornalista, advogado e pedagogo. Publisher do Jornal ABC
Repórter e das TVs Grande ABC e Rede NGT