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“Mim pede ar ! Mim pede vida ! O índio um vírus na sociedade? ” 

Artigo - Alvaro Barbosa - 27/04/2020

Percebemos que desde a descoberta do novo continente, os habitantes nativos dessa terra abençoada, são tratados de forma estranha. 

Por algum motivo, uma espécie que não era semelhante aos descobridores, em razão da diferença da cor da pele queimada pelo sol e banhada pelas árvores, despertava sentimentos confusos de amor e ódio a tais forasteiros.

OS INVASORES

Os invasores, analisavam esses habitantes com um olhar científico, e podiam enxergar a pureza e nudez destes povos sem precisar de microscópio ou lupas de aumento. 

Nos diários de bordo destes exímios navegadores, não havia registro da linguagem tupiniquim e ou ainda da cor de pele indígena que não tinha sido catalogado até então em qualquer enciclopédia.

A alegria desse povo que vivia em tribos e desprovido da ganância de bens materiais, foi visto pelos estrangeiros com certo temor e medo, levando-os, a se questionarem qual o motivo de tamanha harmonia e tranquilidade em um local inóspito. 

Esse medo aumentou ainda mais, quando percebeu-se a existência da adoração de vários Deuses que eram cultuados ao mesmo tempo por aquele povo tribal.

“PAGÃOS”

O medo do desconhecido, e a superioridade bélica do povo cara-pálida encontrou o pretexto necessário para declarar seu domínio sobre aqueles seres “pagãos”, que precisavam de contenção e controle para encontrarem o caminho da vida eterna. 

Afinal, a caravela tinha a missão de descobridores do mundo novo, e ao se depararem com um mundo já descoberto e povoado, perderam o sentido de sua expedição. 

Surge então, o doloroso escambo da vida, onde uma pele branca valia mais que uma pele indígena, e a única moeda de troca aceita pela coroa para manter estes habitantes em sua terra natal, era o suor deste povo na extração de pau-brasil da terra virgem em prol do reinando tão longínquo. 

O pagamento pela moeda de troca denominada Pau Brasil, foi tão predatório, que a beleza do povo tribal era insignificante frente a riquezas naturais que a terra fértil provia, que todo um continente foi resumido ao Brasil, o local onde predominava madeira na cor de brasa. 

“Alvo mais certeiro da consciência”

Enfim, quando a extração de recursos naturais se tornou deficitária em razão dos custos de manter um laboratório de pesquisa indígena ao céu aberto – afinal para todo experimento é necessário custos para manter um meio ambiente de sobrevivência -, esse povo foi deixado em quarentena, e os gritos de “Mim pede ar ! Mim pede vida” penetravam nos ouvidos dos algozes como um flecha tocando no seu alvo mais certeiro da consciência. 

Portanto, naquele instante, o Deus da Selva conversou com o Deus da Coroa, e os peregrinos voltaram a sua terra natal, e o povo indígena desde aquela época e até os dias atuais, vivem em pequenos laboratórios a céu aberto, em verdadeiro regime de quarentena, desprovido de qualquer proteção e suporte sobre suas terras, vivendo as margem de um mundo, e torcendo para não serem vistos como um vírus, que precisa ser vacinado ou extinto da face da terra.

Dr. Alvaro Barbosa

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