Editorial

Editorial – Sinistroses exclusivas

 Dois fatos marcaram a semana passada: o desastre em Mariana, cujas proporções e consequências evidentes, num processo atroz de destruição da Natureza, projetar-se-ão no tempo, e o ataque terrorista do Estado Islâmico em Paris, já delimitado e cujas consequências, numa guerra não declarada, são imprevisíveis. O primeiro, localizado, resulta da ganância de empresas vorazes cuja essência é lucrar o que puderem enquanto puderem, nada mais importando em termos de sustentabilidade: meio ambiente e populações envolvidas, que se explodam.O segundo, global, decorre da ferocidade humana encontrada fartamente na História: o mundo que se dane. Ambos negam todos os conceitos do que, talvez, possa considerar-se equilibrado, sensato e sadio. São provas cabais de insanidade, insensatez e desequilíbrio. Porém, arrogar ser uma tragédia mais revoltante que a outra, na base do “minha desgraça é maior que a sua”, como vemos nas redes sociais, é a cereja envenenada desse bolo indigesto… E, claro: a culpa – para os adeptos de sinistroses exclusivas – é sempre da imprensa, que dá mais destaque a uma ou outra conforme o desenrolar dos acontecimentos. O desastre do Rio Doce e o atentado em Paris, na essência, não se diferem da atitude de um motorista imprudente e bêbado que mata alguém num acidente, ou do torcedor fanático e alucinado que assassina outro do time adversário… 

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Walter Estevam

Casado, Publisher do Jornal ABC Repórter e da TV Grande ABC, Presidente da ACISCS, Ex-Presidente da ADJORI, Ex-Presidente da ABRARJ, Ex-Professor Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Jornalista, Publicitário, Apresentador dos programas 30 Minutos e Viaje Mais.

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