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“A versão mais luxuosa das Kombis”

Fim da década de 90: O Brasil vivia o meio do primeiro governo FHC, pós-plano Real, pós-hiperinflação. Vivendo turbulências constantes e privatizações, o cenário social se despedaçava. Inflação ainda alta, desemprego em rota de crescimento fez com que a solução para muitos trabalhadores fosse juntar suas economias (as que o Collor não pegou), algum dinheiro das rescisões trabalhistas e investir em um utilitário para fazer transporte alternativo, também conhecido como o movimento dos perueiros.

Os concorrentes (exceto a Towner) tinham motor a diesel que consumia menos, levavam mais passageiros e eram mais modernas, mais bem acabadas e confortáveis. Mesmo custando mais caro, no fim das contas, a receita dos concorrentes era de sucesso. E em 96 a Kombi “acusou o golpe” e perdeu muitas vendas.

Percebendo que seu projeto estava desatualizado (praticamente sem nenhuma modificação a quase 10 anos) a VW começou anos antes a desenvolver a nova Kombi nacional (que já era vendida exatamente igual no México desde 91). Sua primeira aparição pública foi durante o Salão do Automóvel de 96, quando a VW levou o próprio modelo mexicano para apreciação do público, com o famoso motor AP 1.8 e interior requintado.

Devido ao sucesso, a marca confirmou a produção do novo modelo em fevereiro de 97 e teve sua previsão inicial de chegar às lojas em maio, mas, de fato, começou a chegar às lojas em agosto daquele ano. Apesar da produção de linha ser a partir de 97/97 é possível encontrar raros modelos 96/97, possivelmente modelos que serviram de testes pela montadora e foram comercializados posteriormente. Também é possível encontrar Kombis mexicanas no Brasil, facilmente identificadas pelos para-choques pronunciados, radiador dianteiro e interior diferenciado. Estas, no caso, foram “refugo” de exportação e foram vendidas por aqui.

As diversas alterações ajudaram a Kombi a recuperar o mercado, além da mudança da política de incentivo à importação, que passou a taxar os asiáticos.
Fugindo do peso da palavra Luxo, agora com o nome de Carat, a Kombi mais luxuosa já produzida no Brasil durou pouco mais de dois anos em linha de produção. Muitos atribuem o fim da produção à ausência de itens básicos para ser considerada de fato, luxuosa. Outros ainda, dizem que o preço dela não estava condizente com o que era entregue.

O fato é que em 99 ela foi descontinuada da produção e a VW passou a importar a Transporter geração 4, por aqui chamada inicialmente de EuroVan e depois de um facelift, Caravelle. Esse movimento fez com que as pretensões de existir uma Kombi com acabamento superior desapareceu, deixando a veterana relegada a um nicho próprio das vans e furgões de trabalho.

Novamente recorremos ao colecionador Luís que é proprietário de uma rara Carat Luxo comprada do primeiro dono para ilustrar a nossa coluna. Realmente a primeira impressão que se tem é a preocupação com o acabamento interno, coisa esquecida em veículos utilitários. A Carat do Luis recebeu um jogo de rodas esportivas assim como os pneus que proporcionou uma melhor estabilidade e dirigibilidade, de resto ela é toda original. Em função de todo esse luxo interno o carro apresentou um nível de ruído muito baixo do motor proporcionando muito conforto aos ocupantes.

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Walter Estevam

Casado, Publisher do Jornal ABC Repórter e da TV Grande ABC, Presidente da ACISCS, Ex-Presidente da ADJORI, Ex-Presidente da ABRARJ, Ex-Professor Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Jornalista, Publicitário, Apresentador dos programas 30 Minutos e Viaje Mais.

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