Humberto Domingos Pastore
“Nada deixa o futuro tão belo quanto contemplá-lo através de uma garrafa de vinho”
Napoleão Bonaparte
Quando telona detonou uva e as vendas despencaram
Até hoje tem pessoas que afirmam não gostar do vinho produzido com a uva Merlot, sem nunca tê-la provado. Isto acontece porque este público ainda tem em seu subconsciente o “estrago” que o filme Sideways provocou. Ocorre que o ator, Paul Giamatti, interpretando um professor apaixonado por vinhos e que entende muito do assunto, passa o tempo todo menosprezando os vinhos Merlot, por considerá-los os piores do mundo.< /span>
Por outro lado, o filme Sideways, que foi lançado no final de 2004 enaltece de forma demasiada os vinhos Pinot Noir. Esse endeusamento no filme, fez crescer em 20% as vendas desse vinho nos Estados Unidos. Já a comercialização de vinhos feitos com Merlot, uva hostilizada no filme pelo personagem Miles, caiu de forma drástica.
O filme Sideways foi premiado com o Oscar de melhor roteiro, e como o público gosta tanto do personagem que os Merlot tiveram a sua venda despencada em 50% na região oeste norte-americana.
Para contrapor, em agosto de 2008 foi lançado o documentário: Merlove: a “redenção” da Merlot, apresentando animações que valorizam a uva Merlot. O filme traz entrevistas com produtores norte-americanos e franceses de vinhos elaborados com essa uva.
Vale recordar que nas décadas de 1980 e 1990, a Merlot era uma das uvas mais cultivadas na Califórnia, e seus vinhos um dos preferidos no mercado norte-americano, sendo o primeiro em consumo do mundo, e o quarto em produção, mas essa excessiva produção, que inundava os mercados naquela época, fez realmente com que a qualidade caísse e fosse reconhecido como um vinho medíocre.
Felizmente, hoje, em especial na Argentina e no Chile, nas mãos de produtores competentes e com o conhecimento adequado do terroir, tem se produzido vinhos incríveis e até lendários. Fica a dica, assistam ao filme e o documentário, apreciando uma taça de Merlot.
