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Exposição fotográfica Oralidades Pretas – Interculturalismo e Ancestralidade em Matriz Africana chega à capital e Grande ABC

dia 06 a 30 de abril, no Grande ABC, e do dia 06 a 31 de maio no Centro de Culturas Negras Mãe Sylvia de Oxalá, na zona sul de São Paulo.

 

Com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, a exposição “Oralidades Pretas – Interculturalismo e Ancestralidade em Matriz Africana” chega à capital paulista e a São Bernardo do Campo, sendo abrigada no Centro Cultural Jácomo Guazelli, do dia 06 a 30 de abril, no Grande ABC, e do dia 06 a 31 de maio no Centro de Culturas Negras Mãe Sylvia de Oxalá, na zona sul de São Paulo. A exposição, com curadoria do professor Alexandre Soares Miranda, também conhecido como mestre Padinha e Giovana Ferreira Miranda (sua filha) que viveu a grande parte de toda as ações das exposição, surge após sua passagem pela África do Sul, onde fez uma imersão nas narrativas artísticas e socioeducativas, nos processos de resgate, preservação e relações de coexistência cultural e social, na música, na literatura e nas culturas tradicionais regionais.

A exposição reúne 80 fotografias, todas em PB (preto e branco), captadas ao longo das atividades desenvolvidas por Padinha na África, numa experiência enriquecedora para suas pesquisas em Educação Étnico Racial pela FEUSP e na UFABC em parceria com a Wits (University of the Witwatersrand), de Johannesburg, em políticas públicas nas linguagens de matriz africana. Entre ações documentadas neste período estão palestras, saraus, shows, intervenções, manifestações sociais – com imagens assinadas por Júlio Alves, Daniel GTR e Joma Nigra, com Ilustrações de Melmanng Gonçalves. A mostra é dividida em quatro módulos: oralidades, resistência, capoeira e África.

 

Na data de abertura do evento em São Bernardo, no dia 6 de abril, às 15h, um bate papo unirá o curador, Alexandre Padinha, à professora de Capoeira e produtora cultural Lidiane Mathias do Nascimento, mais conhecida como professora Kianda, e a também professora e escritora Kiusam Oliveira, no Centro Cultural Jácomo Guazelli, localizado na Rua Rosa Pacheco, 201. Já em maio, na cidade de São Paulo, a abertura da exposição, marcada para às 16h, terá a participação especial do músico, produtor cultural e idealizador do Havana6463, Pedro Bandera e do cantor, compositor, ator, diretor, pintor e poeta Jairo Pereira. A atividade ocorre no Centro de Culturas Negras – Mãe Sylvia de Oxalá, localizado na Rua Arsênio Tavolieri, 45, Jabaquara. Em ambas as ocasiões também participarão das conversas a escritora Erika Balbino e a estudante Giovanna Ferreira Miranda.

Para Padinha, idealizador da exposição, nem sempre a documentação destes patrimônios materiais e imateriais da cultura tradicional e ancestral do povo negro foi registrada de forma linear. Essas imagens fotográficas e os audiovisuais contidos na exposição exercem essa função sob a perspectiva do interculturalismo de sujeitos negros em diáspora. “Minha intenção é a manutenção dos aspectos afetivos e da memória, além de toda a bagagem que as pessoas retratadas carregam e representam para a cultura periférica”, afirma.

A mostra trabalha visualmente o ambiente dos signos das vestimentas na capoeira, no jongo, no samba de terreiro e na ciranda, com o intuito de reafirmar e reavivar processos históricos construídos a partir da oralidade e do corpo como expressão social e cultural. A iniciativa parte da perspectiva de que a cultura é lugar de expressões individuais e coletivas que ritualmente ativam gatilhos de conhecimento, autoestima e pertencimento, gerando interesse e valorização do legado que faz parte da formação estrutural da cultura brasileira, dialogando com a necessidade de afirmação quanto a presença negra como ator indispensável nestes processos. Nesse sentido, o apagamento contínuo e estrutural dificulta o reconhecimento das contribuições efetivas dessa população nos setores da ciência, arquitetura, história, cultura e educação. Essa história teve no corpo, por muito tempo, um instrumento de proteção, manutenção e infiltração de identidades e tradições que se transformaram para sobreviver, fazendo uso de negociações não lineares em um diálogo intrínseco e profundo, deixando a sua marca para que as gerações contemporâneas pudessem entender os processos e compreender que aprisionamentos não podem e não conseguem desligar narrativas circulantes. “É fundamental continuar negociando, interagindo, ativando capacidades socioemocionais que nos permitam fazer uso das artes e da cultura como lugar de fala”, conclui.

SERVIÇO:

Exposição Oralidades Pretas – Interculturalismo e Ancestralidade em Matriz Africana

06 a 30 de abril de 2023 | SBC

Centro Cultural Jácomo Guazelli

Rua Rosa Pacheco, 201 – Ferrazópolis, São Bernardo do Campo/SP

Convidada: professora Kianda e Kiusam Oliveira

Alexandre Soares Miranda | capoeirista, pesquisador, produtor cultural, diretor executivo da Órbita Produção e Gestão Cultural, professor de Gestão e Empreendedorismo Cultural, Economia Criativa e Elaboração de Projetos Culturais pela Secretaria Municipal de Cultura na Cidade de São Paulo, idealizador do coletivo Os Pretões, contramestre de capoeira com projeto socioeducativo na Casa de Cultura Chico Science desde os anos 1990.

Com formação em Administração pela UniSantanna, marketing pela UNIFAI, Gestão Comercial pela Fatec Ipiranga, é especializado em Educação Social pela PUC/SP e Gestão Cultural pelo SENAC/SP. Foi pesquisador em educação étnico racial pela FEUSP e, atualmente, está na UFABC em parceria na Wits (University of the Witwatersrand) de Johannesburg em políticas públicas nas linguagens de matriz africana, além de manter pesquisa contínua de matrizes africanas, no continente africano, na última década.

Atua nos segmentos cultural, esportivo e educacional, no fomento às culturas de matriz africana/negra, no desenvolvimento de projetos. Ministrou workshops e esteve à frente de produções culturais nas linguagens de matriz africana/negra em países da Europa, África, Ásia e nas Américas, e atualmente é o técnico da equipe universitária de capoeira na UniSantanna.

Erika Alexandra Balbino | produtora cultural, escritora, comunicadora, formada em Cinema e Roteiro pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, possui especialização em Mídia, Informação e Cultura pelo Celacc – Centro de Estudos Latino-Americanos da USP.

Paulistana do Bosque da Saúde, é uma apaixonada pela arte da capoeira que praticou por dez anos. É autora do livro infanto-juvenil “Num Tronco de Iroko Vi a Iúna Cantar“ (Ed.Peirópolis), lançado em 2014, com cerca de 3 mil exemplares vendidos. O título, que aborda a capoeira e tem como protagonistas Cosme, Damião, Doum e Ogum, conta com ilustrações do muralista e ativista Alexandre Keto e com um CD com muita música e percussão com a participação da cantora Silvia Maria, do cantor Rodrigo e do percussionista Mestre Dalua, além de capoeiristas, e teve prefácio do professor Dênnis de Oliveira e orelha assinaao pelo renomado jornalista Nirlando Beirão (in memorian).

Em 2017, lançou seu segundo título, “O Osso Poder e Permissão”, publicado pela Editora Cosmos, com prefácio do rapper GOG e capa assinada por Gal Oppido. O livro aborda o cotidiano da periferia na capital paulista.

Em função de sua produção literária já ministrou oficinas e palestras em escolas, centros de Fábricas de Cultura, Céus, universidades, escolas, centros comunitários e grupos de capoeira, tendo recebido o Prêmio Arcanjo de Cultura na categoria de literatura, como Melhor Romance, em 2019, e o Prêmio “Luiza Barrios”, concedido pelo grupo antirracista e de liberdade de expressão religiosa “Águas de São Paulo”, em 2016.

Giovana Ferreira Miranda | fez parte do Programa CRIA da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo é atualmente e vestibulanda em Medicina, trabalha como assistente de produção cultural na Órbita Produção e Gestão Cultural. Jovem promessa na área de cultural, desde seus 5 anos de idade, hoje aos 19 anos, está na capoeira com seu pai, o Mestre Alexandre Padinha. Nesse período, pode acompanhar e fazer parte de muitas ações culturais, além de ter uma fundamental importância na curadoria desta exposição.

Faz parte do coletivo do Sarau Musical da Capoeira, além do grupo de pesquisa deste coletivo sobre as linguagens de matriz africana. Também tem desenvolvido projetos em colaboração com a Órbita desde 2017, construindo narrativas e participando da curadoria e execução de projetos culturais.

Pedro Bandeira | nasceu em cuba, reside no Brasil há 15 anos e é músico, produtor cultural e idealizador do Havana 6463. Licenciado em Educação Musical pelo Instituto Superior Pedagógico da Cidade Havana – Cuba. Integrou a delegação Brasileira na Feira Internacional do Livro de Bogotá́ junto à ex-ministra da cultura Ana de Hollanda, em Abril de 2012. Participou no espetáculo de Cerimônia da Entrega do Prêmio Grammy Latino Brasil 2011 e participou dos projetos culturais Agô e Siguaraya da ONG Sambatá, que dirige o seu trabalho no intercâmbio cultural entre Cuba e Brasil com apresentações no Brasil, Japão e Alemanha.

Como percussionista já́ foi integrante das agrupações das cantoras: Marina de La Riva, Fabiana Cozza, Tassia Reis, Dona Inah, Orquestra Cessaria Évora in Memoria (Cabo verde) e Adriana Mezzadri (Perú), Vox Sambou (Haiti / Canada). Atualmente é musico percussionista da Banda Aláfia e diretor do grupo Batanga & Cia. No ano 2010 cria a Difusora Cultural Havana6463, focada na divulgação da Cultura Cubana, Latino-Americana e do Caribe por meio da música, cinema, literatura, produção de shows, exposições de artes plásticas e visuais, gastronomia e outras iniciativas.

Professora Kianda | Lidiane Mathias do Nascimento nasceu em 25 de Maio de 1985. Iniciou na capoeira em 1998, no Projeto Social do Grupo Abada Capoeira conduzido pelo Mestre Ceará do Grupo Tempo da Capoeiragem. Em 2007 se mudou para São Paulo capital, para dar início ao trabalho com a capoeira, ministrando aulas e realizando eventos em Projetos, ONGs e até dentro da Penitenciaria de Hortolândia-SP.

Em 2012 iniciou mais um trabalho com a capoeira em Osasco e Santana de Parnaíba no Resort Tamboré. Em 2015 trabalhou em uma ONG de São Bernardo do Campo como Educadora de Capoeira e Cultura Afro brasileira, onde começou seu trabalho próprio, o Projeto Educacional Esportivo Cultura “Simplesmente Capoeira”. Além de capoeirista é pedagoga formada pela FMU de São Paulo e Pós Graduada em Educação Física Escolar, Psicomotricidade e Inclusão pela UNIFCV. Desde 2008 leva a capoeira como instrumento de transformação, luta e resistência em prol do desenvolvimento humano, e propagação da cultura afro e brasileira. Em 2017 idealizou e coordenou o “1º Campeonato Simplesmente Capoeira” hoje na sua 5ª edição em 2023 com a parceria da Secretaria de Esportes de São Bernardo do Campo e vários apoiadores, é um dos grandes eventos esportivos de Capoeira do ABCD e toda grande São Paulo.

Em 2018 e 2019 realizou o 1º e o 2º Festival de Cantigas Simplesmente Capoeira com a gravação de 2 CD’s inéditos na capoeira, incentivando e dando a chance para novos talentos musicais e não somente esportivos. Atualmente além do Projeto “Simplesmente Capoeira”, também presta serviços como Arte Educadora Desportiva em Capoeira e Ginástica Artística nas redes municipais de ensino em Santo André e nos CESA (Centro Educacional de Santo André). Segue com a realização de eventos, encontros e formações em espaço culturais, esportivos e educacionais para desenvolver a capoeira, o samba, jongo, maculelê, musicalidade e estudos sobre a cultura afro em geral, e principalmente lutando contra o preconceito, e buscando o respeito e levando o conhecimento e informações sobre as diversidades e riquezas das manifestações culturais de origem afro e brasileira.

Jairo Pereira | Cantor, compositor, ator, diretor, pintor e poeta iniciou a carreira artística cantando rap na década de 90. Fez parte de TUMC (Teatro da Universidade de Mogi das Cruzes) onde cursou Comunicação Social/Publicidade. Participou e venceu o concurso de Beleza Negra Nacional apoiado pela revista “Raça Brasil” e deu início em sua carreira como modelo. Participou do programa “Sem limites para voar” na TV Record. Estreou no teatro com a peça “Repi Auer”, dirigida por Carlos Alberto Soffredini. Jairo Pereira tem carreira artística diversa, atuando em peças de teatro, campanhas publicitárias nacionais e internacionais. Cinema, revista, jornais, outdoors, espetáculos de dança e musicais. Em 2009 cria o canal de Youtube “Diário Preto”, sendo um dos primeiros criadores de conteúdo preto com enfoque antirracista. Integrou a companhia de teatro francesa “Parnas” de Maselha, a qual fez parte do elenco de “Le Retour au Desert” com direção de Catherine Marnas. Com parceiros funda a Banda Aláfia, lança quatro álbuns e participa do festival Lollapalooza de 2019. Trabalhou na produtora “Rio Bravo Filmes” como montador/editor de vídeo e produtor. Entre os anos 2015 e 2022, lança seu espetáculo “Mutum” e seu primeiro álbum solo de mesmo nome, assim como outros álbuns como “Venha ver o Sol” e “Monocromático”. Em 2020 foi premiado numa amostra de curtas pelo “Itaú Cultural” com a vídeo poesia “Bailar no Escuro” e também pela “FUNARTE” com o vídeo musical “Treta Boa”. Foi diretor do curta-metragem “Coágulo” da artista marionetista Juliana Notari e desfilou pra “Casa de Criadores” pelo estilista Jorge Feitosa e SP Fashion Week por Naya Violeta. Atualmente Jairo Pereira ministra palestras, rodas de conversas, trabalha com locuções publicitárias e realiza solos de poesia.

Kiusam De Oliveira | Nascida em Santo André, grande São Paulo, aos 14 anos ingressou no Colégio IESA para cursar Magistério de 2o Grau. Logo após, foi para a Fundação Santo André cursar Pedagogia, com habilitações em Administração Escolar e Orientação Educacional. Para qualificar-se fez lato-sensu em Metodologia do Ensino Superior e, na sequência, na USP habilitou-se em Deficiência Intelectual e Mestrado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano e Doutorado em Educação, ambos pela USP.

Atua como professora há mais de 25 anos, tendo dedicado grande parte deste período à Educação Especial e à formação de profissionais de Educação no município de Diadema/SP, implantando a lei 10.639/03 e ocupando funções de gestão pública. Desenvolveu também, ao longo de anos, atividades formativas para educadores e profissionais de todas as áreas junto às instituições públicas e privadas, com temáticas relacionadas à diversidade de gêneros, questões étnico-raciais e afins.

Aos 16 anos, teve seus primeiros contatos com a dança-afro, na Escola de Samba Unidos do Peruche. De 2000 a 2007 montou a “Corte dos Orixás” do Bloco Afro Ilu Obá de Min, em São Paulo e começou a ministrar a oficina Ará Ayó: Dançando e Cantando com os Orixás, em São Paulo e em todo o país. Também a partir daí, foi se aprofundando em danças-afro-brasileiras. Desde 2007 integra como bailarina e coreógrafa o show Tecnomacumba, de Rita Bennedito.

Leitora contumaz e escritora iniciou uma sequência de lançamentos literários, com grande repercussão nacional e internacional. Suas obras foram premiadas por diversas frentes: com o livro Omo-Oba-Histórias de Princesas, altamente premiada e que em 2019 completou 10 anos de sua primeira edição.

Prêmio ProAC Cultura Negra 2012 (O Mundo no Black Power de Tayó) e elencado no ranking dos dez livros mais importantes do mundo, em direitos humanos, pela ONU, entre outros. Até o ano de 2019, a multiartista acompanhou-se também às atividades acadêmicas, tendo se transformado para o Espírito Santo para lecionar na Universidade Federal do Espírito Santo. Após um longo jejum e retornando ao eixo Rio-São Paulo, assinou em janeiro de 2020 contratos para quatro novos e aguardados lançamentos literários, esperando dois deles previstos para o primeiro semestre: O Black Power de Akin (março de 2020), pela Editora de Cultura e O Mundo de Tayó em Quadrinhos (junho de 2020), pela Companhia das Letrinhas.

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