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A culpa é toda minha, por me vestir assim e por sair sozinha.

Ulysses Molitor

 

 

Me estuprem. A culpa é toda minha. Me estuprem. Por me vestir assim. Me estuprem. Por eu sair sozinha. Me desculpem. Por falar de mim“.

Estas frases não foram tiradas da cruel sentença que absolveu recentemente um homem do crime de estupro de vulnerável no estado de Santa Catarina, mas de uma música da icônica Banda de Rock Titãs.

Mas não causaria espanto caso algum algum “site”, sem qualquer senso de responsabilidade, ávido para criar euforia aproveitando-se do populismo penal que se criou em torno do caso, atribuísse tal fundamento a decisão, causando mais dano à vítima do que o próprio caso e o processo já causaram.

Triste ver o resultado do processo e que a indignação coletiva se exterioriza por um fundamento de “estupro culposo” que não consta da sentença.

A jovem foi vítima do crime de estupro.

A jovem foi vítima de um sistema de Justiça que não a tratou com humanidade, justificando e legitimando atitudes criminosas com preconceitos e valores opressores do século passado. Contudo a jovem foi vítima de um processo penal cuja sede de Justiça não viu seriedade em sua narrativa e que após 3652 folhas, concluiu que a melhor saída seria a absolvição por falta de provas.

Além disso, a jovem vítima do teatro midiático que não respeitou seu nome, sua imagem e suas falas. A indignação é latente, séria e plenamente justificada. Porém, a ação coletiva é descoordenada e pueril se tornando apenas um lamento unínosso tal qual um programa policial de televisão.

Somente veremos seriedade em casos como estes com uma verdadeira revitalização do Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias Públicas e da Advocacia. Infelizmente, a mudança não sera feita de um dia para o outro, mas com a estabilização de uma nova mentalidade nos ingressantes destas carreiras que não devem aceitar os preceitos constituídos e impor seus novos métodos de ação sob risco de que esse número de vítimas aumentem cada vez mais, com algumas poucas escolhidas para serem revitimizadas por pautas de notícias até que um novo assunto gere publicidade.

 

 

Ulysses Molitor

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