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Todos Temos Direito à Vida e à Dignidade Humana, Apesar das Contradições Trazidas pelo COVID.

Artigo - Prof.Dr.Vanderlei Siraque - 19/05/2020

Jeremy Bentham, o pai do utilitarismo do final do século XVIII e início do XIX,se estivesse no Brasil, estaria apoiando as posições da turma ideológica do capitão Corona, no aspecto do utilitarismo econômico que tenta por fim ao afastamento físico das pessoas em prol do capitalismo selvagem e dos seus interesses. Entendem alguns que a liberdade geral à abertura do comércio, do setor de prestação de serviços, da indústria e da circulação e aglomeração de pessoas infectaria mais de 70% da população brasileira e mataria cerca de 1 milhão de seres humanos, mas ao final acabaria com boa parte dos idosos e dos pobres vulneráveis do ponto de vista da salubridade e, enfim, poria fim à crise sanitária e evitaria uma crise econômica e social ainda maiores, mas às custas  das vidas dos miseráveis.

Inescrupulosos

Pensam esses inescrupulosos que seria possível aumentar o faturamento dos Planos de Saúde, da rede privada de saúde, das funerárias e dos fabricantes de ataúdes com geração de empregos, inclusive para coveiros!!!E mais, poderiam aumentar as economias nas contas públicas ao deixarem de pagar, tendo em vista o grande  número de mortos, aposentarias, pensões, bolsa família e internações no SUS.

Vítimas do COVID

Pensam eles, que vítimas do COVID mortas seriam sacrificadas em prol da economia, das contas do Estado e da geração de emprego e renda para os sobreviventes e, ainda, os ricos, aqueles que trouxeram o Corona de avião, ficariam ainda mais ricos e com a máxima felicidade em seus confortos, além de alegrias aos sobreviventes por terem escapado da morte e por não mais terem o incômodo dos pobres, em especial, idosos e pelo fim da quarentena e a volta das baladas, dos bares abertos, do churrasquinho entre amigos, das festas e viagens.
Enfim, as mortes dos mais vulneráveis teriam uma utilidade para a felicidade geral dos sobreviventes e dos capitalistas já curados e protegidos em suas mansões ou nos grandes e belos apartamentos “nos Jardins”, apesar das violências aos direitos à vida e à dignidade humana das vítimas indefesas, desprotegidas pelo Poder Público e inseguras.É assim que essa turma pensa e é assim que muitos de nós não percebemos inconscientemente ao apoiá-los ou a nos omitirmos nos debates e nos protestos.

Passageiros do Titanic

Esse pessoal lembra os passageiros do Titanic afundando e os ricos corrompendo a tripulação do navio para serem os primeiros a entrarem nos barcos salva-vidas ao acreditarem que suas vidas valessem mais que a dos passageiros da segunda classe e a dos trabalhadores da navegação. É evidente que não podemos abandonar a área econômica, mas este setor, não somente durante a crise sanitária, deve estar subordinado ao direito à saúde, à vida e ao núcleo exegético da Constituição da República: a dignidade da pessoa humana. Essas pessoas precisam compreender que todos somos iguais ou deveríamos ter igualdade de condições e de oportunidades em quaisquer situações e em todos os aspectos.

“Mercadoria”

O ser humano não pode ser tratado como objeto ou coisa descartável, como mercadoria passível de alienação, de compra e venda. Fomos criados à imagem e à semelhança de Deus e todos temos os mesmos direitos às nossas vidas e os mesmos deveres de proteção, compaixão e de solidariedade com a vida e a dignidade de nossos semelhantes.Por isso, não à reificação ou à coisificação do ser humano. E, sim, à vida digna e em abundância para todas as pessoas.
Prof.Dr.Vanderlei Siraque.
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