“Na primeira noite eles se aproximam
 e roubam uma flor do nosso jardim.
 E não dizemos nada.
 Na Segunda noite, já não se escondem:
 pisam as flores,matam nosso cão,
 e não dizemos nada.
 Até que um dia,
 o mais frágil deles
 entra sozinho em nossa casa,
 rouba-nos a luz, e,
 conhecendo nosso medo,
 arranca-nos a voz da garganta.
 E já não podemos dizer nada”

Eduardo Alves da Costa

Seu coração se sente apertado ao ler este lindo poema que a mais de 60 anos é atribuído ao grande poeta russo Maiakóvski, meu coração sangra ao ver nosso jardim chamado de São Caetano do Sul” ser dilacerado.
Uma cidade que a partir dos nos 90 se tornou exemplo e sonho de modus vivendi de muitos brasileiros, padrão de vida de alto nível, passou a ter suas flores arrancadas e pisoteadas.

Quanto orgulho em habitar uma cidade que prezava pela educação com incentivo a bolsas de estudos em diversas áreas, vimos crescer algumas das mais lindas flores de nosso jardim: a Fundação das Artes, a Escola de Bailado e a Escola Municipal de Línguas.

Fomos uma das cidades na vanguarda do incentivo a divulgação da informática, com a saudosa escola volante.
Conseguimos jardins dentro do nosso jardim: parques Chico Mendes e Santa Maria. Ficaram lindos. Quanto orgulho.

Lembram-se de como a cidade vivia e respirava esportes? Um pássaro azul voava em nosso jardim e nos fez mais conhecidos que nunca. Nossas participações nos jogos do interior eram simplesmente maravilhosas.
Nosso jardim deixou de ser regado, as poucas flores que restam estão sendo pisadas ou arrancadas e são raras as borboletas  e pássaros que ainda nos trazem alegrias.

Ainda não arrancaram nossa voz porque nossa voz não vem da garganta, vem do fundo de nossas almas, vem do orgulho que temos em sermos são-caetanenses.

Bebo das palavras do grande poeta e premio Nobel de literatura em 2016 Bob Dylan e lanço a pergunta: “… por quanto tempo as pessoas vão virar a cabeça fingindo nada ver?…”
Fica meu convite: vamos voltar a viver em nosso jardim. As flores podem ter morrido mas as sementes estão hibernando. Vamos rega-las.