Editorial

Os chatos

Guilherme Figueiredo (Campinas, 1915 – Rio de Janeiro, 1997) escreveu uma preciosidade da literatura brasileira: o “Tratado Geral dos Chatos”. Esqueceu-se, todavia, o brilhante autor de mencionar que no “País das Maravilhas”; desde seus inícios, considerou-se o pior chato aquele que quer as coisas certas e bem feitas, irretocáveis e irrepreensíveis.

Por exemplo: Lula e o PT são – para uma parte significativa da população – espetaculares! Roubam e deixam roubar… Moro e a equipe da Lava-jato são baita chatos! Não roubam e não deixam roubar… O verbo em questão é, para os primeiros, extremamente flexível, transitivo direto, indireto e ambos, refletindo não na ortoépia, mas na prática popular, a complacência com os amigos e a intransigência com os demais.

Sem mencionar reiteradamente, para não sermos chatos, a corrupção desenfreada que botou o país de quatro nos últimos anos, basta constatar, também nas eleições municipais, a excitação e frenesi dos aspirantes a aspones que cercam, bajuladores e áulicos, candidatos não importa de qual partido. Querem, porque querem, mamar nas tetas dos municípios à exaustão farta; afinal, incautos às mancheias há pagando impostos expressivos para sustentá-los e a seus resultados inexpressivos.

Qualquer cidadão que se indigne com tal práxis é, nesse contexto, um tremendo chato, um xaropão impenitente que não entende as coisas da vida…

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