Caro leitor, como deficiente visual, peço para tentar observar a atual conjuntura da inclusão sob minha ótica. Venho fazendo alertas e referências sobre a falta de iniciativas dos Poderes Executivo e Legislativo quanto à tomada de medidas mais incisivas para atenuar efetivamente as incontáveis barreiras que pessoas com deficiência e/ou com mobilidade reduzida enfrentam diariamente. Insisto nessa problemática de forma exaustiva, pois não conseguimos mais assistir essa inércia em silêncio.
Então, começo pelo mais simples: as Câmaras Municipais das milhares de cidades brasileiras, as chamadas “casas do povo”. Pergunto: a comunidade surda do país não é povo? Então, como se justifica a ausência de um profissional intérprete de libras – Língua Brasileira de Sinais – atuando nas Câmaras, para traduzir as sessões ordinárias aos surdos? Os deficientes auditivos têm esse direito, além do mais, trata-se de uma obrigação extensiva aos órgãos e demais departamentos públicos que prestam atendimento direto aos munícipes.
E quanto ao estado precário das calçadas, repletas de buracos e obstáculos, que afeta a população em geral e; por vezes, impossibilita a passagem de uma pessoa com deficiência? Até quando esse “jogo de empurra-empurra” vai perdurar entre proprietários de imóveis e Poder Público; sem que o problema seja definitivamente solucionado? Preciso prosseguir ou já foi suficiente para todos enxergarem a situação, tal como eu a vejo?
Juliana Teixeira, Consultora em inclusão e acessibilidade