Editorial – Fatos e boatos
Quem raciocina com o cérebro – desde que este não esteja em condições de ostra em estado terminal; vê fatos e desconsidera boatos.
Não aceita comentários e opiniões furibundos, viscerais e, menos ainda, tão sectários quanto tendenciosos.
Nesta ótica, quem pretender analisar o exumado 31 de março de 1964 não pode deixar de avaliar fatos antecedentes, como a aprovação da Lei nº 4.131, a de Remessa de Lucros de 3 de setembro de 1962, pivô da queda de Jango.
Nem a “Teoria do Dominó” na Guerra Fria e a “Operação Brother Sam”, cujos anais secretos foram divulgados, após herméticos 50 anos de cafofo, pelo Senado dos USA em 2014.
Igualmente, as razões intrínsecas da devolução “lenta, gradual e progressiva” do poder aos civis iniciada na Era Geisel e consumada em 1985 por João Figueiredo. Havia que pagar as contas do chamado “Milagre Brasileiro” e a batata quente acabou no colo de Sarney.
Desconsiderados qualquer ufanismo quiromaníaco à la Gonçalves Dias (“Minha terra tem palmeiras/onde canta o sabiá/” etc.); ou complexo de vira-latas no dizer de Nelson Rodrigues; o fato é que continuamos feito siri na lata há 519 anos.
Enquanto fanáticos continuarem vendo comunismo e fascismo até na sopa; para não dizer no vaso sanitário; seguiremos batendo cabeça fazendo muito alarde e com pouca pipoca. E assistindo, pasmos, espetáculos de baixaria como os de Brasília desta semana…