Elaine Caparroz foi espancada durante quatro horas por seu ficante Vinícius Serra. Jonas achava que estava sendo traído, Paulo não admitia o fim da relação e Vinícius tão somente fez o que fez porque tinha certeza de que podia.
Além disso, mesmo que Jane tivesse traído, Luana quisesse ficar só e Elaine imaginasse um romance, a pergunta permanece: por que?
Um dos marcos civilizatórios mais importantes, a duras penas conquistado pela espécie humana, foi a tolerância à frustração. É ela que permite que internalizemos a decepção, aprendamos com ela e sigamos a vida. Para tais homens isso não existe.
Quando a mulher se arroga no direito de não o querer mais, o caos emerge e estes homens, inseguros, regridem ao seu eu mais primitivo de forma tão abrupta que rompem qualquer superfície de civilidade, passando a espancar, socar, queimar e destruir o corpo que o renegou.
Além disso, certo de que o corpo dela o pertence, ele descarrega seu ego de macho rejeitado matando-a, certificando-se de que nenhum outro “macho” tenha acesso ao que ele acredita ser de sua exclusiva posse. Ressentido, procura se assegurar do único “objeto” que talvez fosse capaz de submeter, a mulher, num exercício fútil de tirania gratuita que em tudo esconde a falta de potência do macho.
Porque se é o corpo feminino que fala quando ela é morta, é o “falo falido” dele que grita quando ele mata, num derradeiro brado de macho fraco, ferido e assassino.