Artigo

Machos que matam

José Antonio Mariano

Jane Cherobin foi espancada, violentada e largada nua na rua por seu namorado Jonas Guimarães. Luana Cunha foi agredida com um socador de alho por seu namorado Paulo Roberto.

Elaine Caparroz foi espancada durante quatro horas por seu ficante Vinícius Serra. Jonas achava que estava sendo traído, Paulo não admitia o fim da relação e Vinícius tão somente fez o que fez porque tinha certeza de que podia.

Além disso, mesmo que Jane tivesse traído, Luana quisesse ficar só e Elaine imaginasse um romance, a pergunta permanece: por que?

Um dos marcos civilizatórios mais importantes, a duras penas conquistado pela espécie humana, foi a tolerância à frustração. É ela que permite que internalizemos a decepção, aprendamos com ela e sigamos a vida. Para tais homens isso não existe.

Quando a mulher se arroga no direito de não o querer mais, o caos emerge e estes homens, inseguros, regridem ao seu eu mais primitivo de forma tão abrupta que rompem qualquer superfície de civilidade, passando a espancar, socar, queimar e destruir o corpo que o renegou.

Além disso, certo de que o corpo dela o pertence, ele descarrega seu ego de macho rejeitado matando-a, certificando-se de que nenhum outro “macho” tenha acesso ao que ele acredita ser de sua exclusiva posse. Ressentido, procura se assegurar do único “objeto” que talvez fosse capaz de submeter, a mulher, num exercício fútil de tirania gratuita que em tudo esconde a falta de potência do macho.

Porque se é o corpo feminino que fala quando ela é morta, é o “falo falido” dele que grita quando ele mata, num derradeiro brado de macho fraco, ferido e assassino.

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