Politica

Editorial – A República iníqua

 “Quando uma República está corrompida, não se  pode remediar nenhum dos males que nascem a não ser suprimindo a corrupção e relembrando o princípio: qualquer outra correção é inútil, ou constituir-se-á um novo mal”. “Os cretenses, para manterem os magistrados mais importantes na dependência das leis, usavam de um meio bastante singular: a insurreição. Uma parte dos cidadãos sublevava-se, enxotava os magistrados e os obrigava a voltar para a condição privada”. (Montesquieu). 
Estas frases incisivas, de há três séculos, mostram um problema e uma solução. Ou se elimina a corrupção (e não será com apelos tão pastosos quanto inúteis) ou o sistema que a engendra seguirá a retroalimentar-se. Ou se bota os corruptos para correr, ou seguirão proliferando-se como um câncer em metástase. 
Se as paixões insanas, por exemplo, por futebol e crendices se voltassem contra os saqueadores da República, estes teriam carreira curta. Execrados e enxotados, não teriam coragem ou condições de prosseguir na prática de seus desmandos, desgovernos e crimes, tão fartamente conhecidos. 
A “inocência perdida” dos povos, todavia, é irrecuperável. A escolha de um mal menor não significa necessariamente o banimento de todo mal: sugere mais a atitude instintiva – embora deplorável – de evitar riscos extremos. Vão-se os anéis, ficam os dedos. Troca-se a sublevação profícua pela lamentação iníqua.

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Walter Estevam

Casado, Publisher do Jornal ABC Repórter e da TV Grande ABC, Presidente da ACISCS, Ex-Presidente da ADJORI, Ex-Presidente da ABRARJ, Ex-Professor Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Jornalista, Publicitário, Apresentador dos programas 30 Minutos e Viaje Mais.

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