Editorial – A República iníqua
Estas frases incisivas, de há três séculos, mostram um problema e uma solução. Ou se elimina a corrupção (e não será com apelos tão pastosos quanto inúteis) ou o sistema que a engendra seguirá a retroalimentar-se. Ou se bota os corruptos para correr, ou seguirão proliferando-se como um câncer em metástase.
Se as paixões insanas, por exemplo, por futebol e crendices se voltassem contra os saqueadores da República, estes teriam carreira curta. Execrados e enxotados, não teriam coragem ou condições de prosseguir na prática de seus desmandos, desgovernos e crimes, tão fartamente conhecidos.
A “inocência perdida” dos povos, todavia, é irrecuperável. A escolha de um mal menor não significa necessariamente o banimento de todo mal: sugere mais a atitude instintiva – embora deplorável – de evitar riscos extremos. Vão-se os anéis, ficam os dedos. Troca-se a sublevação profícua pela lamentação iníqua.