Editorial – Paisagismo racional

 Ricardo Cardim é, sem dúvidas, um dos expoentes do paisagismo em nossos dias. O especialista nos ensina que em qualquer área urbana os bons resultados dão-se com a recuperação de árvores nativas, sob condições técnicas específicas e, os piores, com a introdução de exemplares exóticos a olho, tão ao gosto de gestores irresponsáveis e fornecedores mercenários. 
Diz ele: “Planta não reconhece fronteiras políticas, mas ambientais, e planta nativa é aquela que existia originalmente na região”. Ora, a formação de um bioma dá-se por processo pontual de seleção natural e leva séculos, senão milênios. A planta apta sobrevive, a inepta perece. 
Trazer plantas de outros biomas e espalhá-las pelas cidades a torto e a direito sem os imprescindíveis estudos preliminares e provas de viabilidade a longo prazo, não nos parece razoável. Mas, pode ser muito lucrativo para os involucrados. 
É como construir edifícios com os materiais mais baratos, ainda que com acabamentos mais exuberantes, para auferir os melhores lucros. A questão do verde urbano não pode ser encarada como mero “enfeite” pelo gestor consciente. Ela é vital para a qualidade de vida da população. 
O paisagismo urbano tem, assim, de ser absolutamente racional, calcado em fundamentos científicos e evitar, incisivamente, modas impostas pelo mercado. Há que pôr a árvore certa no lugar certo, para que nada dê errado… 
 

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