Editorial – Rótulos

Ao par da indústria de desconstruir imagens, está a de criar mitos e enfeitar pavões. Ambas desfavorecem a percepção ao menos aproximada da realidade, já que fatos são trocados, acintosa ou sutilmente, por boatos. Quem assim age o faz de má fé, a filha bastarda de mau caráter com ignorância crassa, e por interesses inconfessáveis.
Rotular a priori, sem avaliação dos atos e fatos com base em provados valores e princípios construtivos, foge a qualquer resquício de sensatez. Quem rotula e inventa e espalha boatos, tem sempre frase lapidar para justificar-se: “- É o que dizem!”, alegam às ligeiras, sem jamais apresentar provas do que afirmam.
São as tais “bocas de latrina” presentes não só em sociedades de baixo nível civilizatório seja criando ídolos, seja destruindo reputações. Qualquer pessoa vale pelo que faz, não pelo que diz e não em um só evento: prevalece o conjunto da obra. Julga bem quem o fizer com sabedoria, isenção e coerência.
Bom, e daí? Daí que, nesta etapa degradante da vida política brasileira errará, por ação ou omissão, quem se deixar levar por rótulos e não por conteúdos. Paixões são coisas doentias.

