Ex-petistas de Santo André preparam o PSB para a disputa de 2024
Por Carlos A.B. Balladas
O PSB é o primeiro partido em Santo André a iniciar a preparação para o certame eleitoral de 2024. A filiação de ex-petistas na agremiação, com a consequente reformulação do diretório municipal composto pelos mesmos, mostra que presenciaremos na cidade disputas políticas mais intensas daqui por diante.
O grupo egresso do PT, liderado por Fabricio França, que assume o posto de presidente, e Kleber Paiva, há muito acompanha e apoia o vereador Eduardo Leite. Este, por sua vez, solicita na Justiça sua desfiliação do PT alegando perseguição por parte do partido.
Em dissonância às práticas da sigla no âmbito estadual, o PT de Santo André não concorda com o posicionamento de Leite em participar da Mesa Diretora da casa legislativa andreense e suspendeu o vereador por seus elogios ao prefeito Paulo Serra em relação ao combate à pandemia.
O consenso no PT, em qualquer âmbito ou questão, quase sempre é inalcançável, pois as várias facções que compõem o partido vivem em constante tensão e disputas internas. Um exemplo deste comportamento foi a competição entre dois postulantes ao cargo de prefeito para o pleito de 2008. Vanderlei Siraque e Ivete Garcia foram os nomes colocados numa elei-ção interna, com a vitória do primeiro nesta disputa, mas sua posterior derrota como candida-to ao cargo de chefe do executivo. As fissuras causadas no PT andreense, devido a este fracasso, estão expostas até hoje. O desligamento do grupo alinhado a Eduardo Leite e sua filiação ao PSB é, em grande parte, consequência da derrota de Siraque e, outro tanto, do insucesso de Carlos Grana em sua postulação à reeleição em 2016, quando Paulo Serra venceu pela primeira vez.
Para o PSB, em nível nacional, ter em Santo André elementos do calibre do grupo que ora o comanda, é benéfico e exemplar, pois os socialistas procuram emplacar o vice na chapa liderada por Lula em 2022 e, para tanto, escancaram as portas do partido para a entrada de inúmeras lideranças políticas em todo o Brasil. Os acontecimentos políticos em Santo André, por conta da história de ambos os partidos na cidade, são observados com atenção por todos que transitam no universo político brasileiro.
Bom lembrar que o PSB foi o partido no qual estava filiado Lincoln dos Santos Grillo em sua primeira disputa por uma cadeira na Câmara de Vereadores, a conquistando com mais de 800 votos. Isto no ano de 1963. O montante de sufrágios conquistados por Grillo equivale nos dias de hoje a cerca de 16 mil votos. Seria, portanto, inconteste, o campeão de votos de todos os tempos na corrida para uma cadeira ao legislativo da cidade. Grillo foi também deputado estadual, federal e prefeito de Santo André, cargos alçados sempre com expressivas votações.
Mesmo abrigados numa sigla ideologicamente muito próxima ao PT, os elementos que compõem o PSB andreense têm várias tarefas a enfrentar para que a sigla chegue com chances reais de competição em 2024, seja para as cadeiras da Câmara, quanto para o Executivo. Uma das empreitadas será a construção de uma tropa homogenia e com garra. A outra é construir uma plataforma que contemple os anseios e necessidades da sociedade. Experiência e conhecimento não faltam aos novos socialistas. Entretanto, parafraseando Garrincha: “é preciso combinar com os adversários políticos”.
Paulo Serra, também um campeão de votos na cidade, parece não ter – pelo menos, até o momento -, ninguém próximo a ele preparado para substituí-lo. Por outro lado, não se enxerga na oposição ao governo do tucano alguém com capital político com chances de conquistar corações e mentes dos andreenses. Estas condições permitem todos que pretendem colocar seus nomes no próximo pleito municipal em igualdade.
O PSB, ao iniciar desde já os preparativos para a contenda eleitoral, pode chegar com alguma vantagem em 2024. Quem viver, verá.