Onde estão as cidades-irmãs de São Caetano?
Onde estão as cidades-irmãs de São Caetano?
São Caetano do Sul tinha três cidades-irmãs na Itália.
Os acordos assinados foram de gemellaggio (em italiano: geminação),
tendo como objetivo cooperação econômica, cultural e educacional, entre outros.
Dois casos ocorreram durante gestões do ex-prefeito Walter Braido (1927-2008)
Primeiro, com a cidade de Thiène – nome que figura, aliás, no brasão do município.
A seguir, no terceiro e último mandato de Braido, foi a vez de Vittorio Veneto.
E durante mandato do ex-prefeito Luiz Tortorello (1937-2004), Iglesias (Sardenha).
Thiène e Vittorio Veneto situam-se no norte da Itália, na região conhecida como Veneto.
Com cerca de 20 mil habitantes, Thiène fica na província de Vicenza.
Por seu turno, Vittorio Veneto
–antes da Primeira Guerra Mundial eram duas cidades, Ceneda e Serravalle –
com quase 30 mil moradores fica na província de Treviso.
Parte expressiva dos imigrantes italianos que se estabeleceram no século XIX em São Caetano do Sul era oriunda de Ceneda e/ou Serravalle e pequenas comunidades vizinhas no sopé dos Alpes, como Conegliano, Cappella Maggiore, etc.
Por fim, Iglesias, com 20 mil habitantes, situa-se na província de Carbonia-Iglesias, na região autônoma da Sardenha.
Vantagens
Dentre outras vantagens, São Caetano poderia ter obtido cooperação financeira italiana para as escavações arqueológicas que estavam sendo levadas a cabo em cooperação com o Museu Paulista da USP, no Bairro Fundação,
para resgatar vestígios da antiga fazenda dos beneditinos que se encontrava na área que circunda a igreja local, por exemplo.
Durante governo do ex-prefeito Luiz Tortorello, estudantes sancaetanenses vencedores de um concurso de redação foram premiados com viagem a Vittorio Veneto,
onde foram acolhidos durante curto período pela comunidade local.
Com certeza, experiência internacional inesquecível e importante para alunos e anfitriões.
A indagação do título acima não pretende ser de cunho retórico.
Os gemellaggi continham o embrião de numerosas ações que, se levadas adiante, poderiam ter contribuído,
e de forma decisiva, tanto para impulsionar uma preservação mais intensa
– mas facilitada com o aporte de recursos materiais e provavelmente humanos –
do patrimônio cultural da cidade, quanto para estreitar laços econômicos.
Pena que o nosso País não incentive as cidades, e não lhes facilite pelo menos através de medidas administrativas e legais sólidas,
a adotarem políticas sérias de preservação do patrimônio cultural,
inclusive por meio de financiamento externo a fundo perdido e cooperação técnica.
A título de registro mais do que eloquente, no final dos anos 90 um especialista italiano em restauração (e na Itália há muitos), funcionário da União Europeia, explicava-me em Vicenza,
num evento científico, que a EU estava financiando, a fundo perdido, o restauro de igrejas coloniais no Peru!
(*) Aleksandar Jovanovic é doutor em Linguística e Semiótica, professor da Universidade de São Paulo.
Foi presidente da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul.
É responsável pelas Relações Internacionais da Universidade Municipal de São Caetano do Sul.