Buracos n’água – Editorial
Ao repassar o COAF à Receita Federal sem resistência política do governo, o Congresso demonstrou que está para complicar e não para facilitar. O alvo não era o órgão. Era o ministro Sérgio Moro, ante o pavor de investigações criminais.
Desarmadas armadilhas como impedir a Receita Federal de investigar e denunciar crimes financeiros; esteja o COAF nas mãos de Moro ou Guedes, tanto faz. Haverá certamente um pouco mais de burocracia nas inquirições.
De lambuja, parlamentares empenhados em derrubar a MP 870 buscavam a volta de 29 ministérios; do cabide de empregos e a manutenção do troca-troca institucional. Não prosperaram. Aliás, a “voz das ruas” oportunamente brecou a falseta.
Afinal, apenas para situar, já no início do ano o governo enviou ao Congresso seus projetos iniciais de gestão. Foram procrastinados. Errou com lambanças em questões secundárias, como na nomeação de ministros tão ineptos quanto sectários, na defesa inverossímil de figuraças alçadas à condição de “gurus” portáteis e por aí vai.
O mais grave “pecado” foi deixar sua comunicação em mãos de arautos improvisados e não reconhecer, na natural euforia orgástica da chegada ao poder, que nas catacumbas de Brasília, 2+2 não dá 4, mas 22, zebra e equações de “n” incógnitas.
Resumo da fita: até agora, enquanto o Brasil trata de tirar leite de pedra, a canalhocracia visceral faz buracos n’água e o país que se exploda…