Famílias… – José Antonio Mariano
Casais que se desentendem por conta de suas famílias originais. Sabemos que isso é comum e esperado. Afinal, estamos falando de pessoas que muitas vezes provém de famílias que possuem dinâmicas e estruturas afetivas diferentes, e é natural que a pessoa carregue algumas dessas formas de ver e viver a vida para sua nova família.
Afinal, o problema é quando um dos cônjuges não se toca de que não está mais na família original; permanece dependente do status anterior e chega mesmo a inviabilizar a construção da nova família. Sua família.
Falemos do homem. Ora, ninguém imagina que seja necessário romper os vínculos com a família original, mas é essencial que quando se fala “minha família”, a pessoa esteja se referindo aquela que constituiu. A dificuldade em internalizar isso faz o sujeito ficar num limbo emocional onde a hierarquia dos papéis se dissolve.
Sem perceber, subordina a figura do marido e do pai que é a do filho e quando isso ocorre, foge às responsabilidades, terceiriza suas funções e, sobretudo, prescinde de sua capacidade de proteger a família. Sua família.
O homem que privilegia a família original não percebe que faz isso. E fica irritado e se sente injustiçado quando é confrontado com a situação. Ele não fez a transição esperada de filho querido da mamãe para marido/pai responsável pelos seus.
Permanece, muitas vezes, na “dolce vita” do berço primal, sem intuir o quão abdica da metáfora de potência que precisa exprimir. Constituir a própria família é bíblico.
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai; para a terra que eu te mostrarei”. Gên.12.1. Entendeu?