Vivêssemos séculos e diríamos: – Parece que foi ontem!… São Paulo chega aos 462 anos oficiais de existência a cada dia mais atribulada, sufocante e inviável. O que era planalto verdejante foi substituído por concreto, asfalto e a fúria das máquinas de aço nas ruas e avenidas. O que era convivência trocou-se por violência. Mas, a parada passageira do altiplano, dos idos de 1.500, tornou-se o motor da locomotiva que, por motivos loucos, arrasta o país.No contraponto da Babel bíblica amalgamou, como seus, todos os idiomas, raças e crenças, numa extraordinária mixórdia temporal. Nestes quatro séculos e lá vai pedrada, a cidade passou – promíscua – de mãos em mãos, algumas cuidadosas e gentis, outras desastrosas e venais. Conheceu momentos de glória e esplendor e temporadas lúgubres de deterioro, como hoje soe acontecer. Sobreviveu.Esparrama sua atração irresistível pelas cercanias compondo um cenário único metropolitano caótico, ainda pujante e mais a mais delirante. Não se sabe mais onde começa e onde termina, rompendo todas as divisas e irrompendo inexorável confrontando distâncias, simetrias, equilíbrios e proporções ancestrais. Nada respeita, ante nada tripudia.Tudo tem, e tudo lhe falta. Tudo constrói, tudo destrói. É, aos 462 anos, perene recomeço. Reinaugura-se a cada dia com a tenacidade própria dos colossos lendários de outrora, numa eterna Utopia…
Casado, Publisher do Jornal ABC Repórter e da TV Grande ABC, Presidente da ACISCS, Ex-Presidente da ADJORI, Ex-Presidente da ABRARJ, Ex-Professor Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Jornalista, Publicitário, Apresentador dos programas 30 Minutos e Viaje Mais.