As apostas online, as chamadas ‘bets’, têm se mostrado um grande desafio para governantes e para quem administra o esporte no Brasil e, ainda que haja restrições, os jogos de azar conseguem angariar milhões, inclusive, oriundos dos benefícios do Governo Federal.
Diante desse cenário, o REPÓRTER conversou com o secretário-adjunto de Esportes de São Bernardo, Edinho Montemor, que se mostrou preocupado com o rumo que deve seguir caso não haja uma regulamentação mais rígida.
“É uma realidade que tem que se encarar, mitigar e minimizar os efeitos ruins que acabam causando. Aliás, no caso das ‘Bets’, pessoas que comprometem já a pouca renda que têm com apostas, porque acaba se tornando viciante, então é um problema de saúde pública, porque acaba sendo um vício, um problema muito sério em termos de saúde mental”, percebe ele.

Medidas
Além do aspecto psicológico, o secretário-adjunto sugere algumas medidas para evitar que as apostas virtuais saíam das ‘telinhas’ e se tornem realidade, no caso do futebol profissional.
“Temos que tentar minimizar e melhorar a regulamentação, dessa forma, não podemos ter ações que dependam de um atleta para ter resultado na aposta, por exemplo, apostar em número de escanteios, cartões amarelos ou vermelhos, portanto, deveria ser proibido. Porém, deve-se colocar aquilo que pode apostar, como resultados dos jogos, vitória, empate, número de gols, que são imponderáveis, aliás, a que minuto, quem vai fazer o gol. Agora, apostar em lateral, escanteio, cartão amarelo e vermelho, só leva à manipulação”, observa Edinho.
Aliás, Edinho tem ampla experiência na vida pública, pois já foi vereador por quatro mandatos, presidente da Câmara, deputado federal em duas legislaturas e secretário de esporte e hoje, o então, secretário-adjunto pede a criação de mecanismos que limitem as apostas.
“O grande problema das Bets é justamente por ser online, praticamente impossível de impedir as plataformas de agirem. Então temos que regulamentar, cobrar impostos, proibir participação de menores, apostas com cartão de crédito, mas, só proibir vai ser pior, porque vai jogar na clandestinidade e não teremos controle”, alerta Edinho.
Proibir propaganda
Já quanto às propagandas, o secretário foi duro e sugeriu a proibição comparada ao que aconteceu com os anúncios de cigarro.
“Demagogia, hipocrisia, realmente, é igual ao ‘beba com moderação’, são coisas absurdas. Veja bem, quando foi proibida a propaganda de cigarro, as pessoas diminuíram o consumo absurdamente. Então, a primeira coisa é na diminuição da publicidade, e em casas de apostas patrocinando clubes de futebol e campeonatos, pois é muito temerário”, opina ele, que prossegue:
“Coloca em xeque a credibilidade do jogo no momento em que vemos tanta manipulação de resultado, no entanto, a gente vê propaganda massiva que leva ao consumo e vício do produto, por isso, dentre as regulamentações deveria haver a proibição das propagandas nos veículos de comunicação”, afirma o secretário-adjunto.
Em resumo, para o secretário, as apostas devem ocorrer em acontecimentos que não dependam de uma ação individual do jogador para interferir no resultado do jogo.
CELSO M. RODRIGUES


