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Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte volta em cartaz

Solo de Bruna Longo - indicada a melhor atriz no Prêmio APCA por este trabalho, com codireção de Vitor Julian, propõe reflexão sobre o tabu da morte na vida cotidiana

Em “Queda de Baleia ou Canto para Dançar com a Minha Morte”, Bruna Longo transforma o luto pelo falecimento de seu pai em uma partilha sensível sobre o desamparo e a ausência. (Ferdinando Martins para Deus Ateu)

Bruna Longo transforma o tabu da morte em uma experiência estética e ritual. (Bob Sousa, fotógrafo teatral no site Em Foco)

Interpretação corajosa que se inscreve entre as melhores deste ano pródigo em excelentes trabalhos. (José Cetra, Palco Paulistano)

A maturidade corporal da atriz ao representar os vários estágios de um corpo nos faz ter certeza: é um solo de muitas Brunas. (Jessica Moreira – Morte Sem Tabu – Folha de São Paulo)

O teatro mais disruptivo de São Paulo acontece dentro de um cemitério. (Esther Miranda – São Paulo Secreto)

 

A atriz, dramaturga e diretora Bruna Longo parte de sua experiência íntima com o falecimento de seu pai para propor uma reflexão sobre o tabu da morte no solo Queda de Baleia ou Canto para Dançar com a Minha Morte.  O espetáculo, que tem codireção de Vitor Julian, sucesso de público e crítica, tem nova temporada na capela do Cemitério do Redentor, no Sumaré, de 16 de janeiro a 8 de fevereiro de 2026.

E, para discutir esse tema tão humano e tão inescapável, a atriz imagina a própria morte. Na trama, ela acaba de morrer e procura elaborar o luto de si mesma, enquanto propõe uma reflexão sobre a relação humana com a finitude, o processo de eliminação do rito fúnebre nas sociedades capitalistas ocidentais, o medo, o silêncio e a negação da morte.

A dramaturgia por Bruna Longo

“Dia 26 de julho de 2022, às 01:52 da manhã, meu pai morreu. Ao meio-dia seguinte iniciou-se o velório. Às 16:00 seu corpo foi colocado dentro do jazigo da família no cemitério do Araçá, em São Paulo, capital.

O que se seguiu foram dias de burocracias em bancos, cartórios, seguros. Dias que viraram semanas, meses. Nenhum convite a qualquer rito de passagem de uma realidade a outra. De filha a órfã. Todos os paradigmas mudaram subitamente. Nenhum tempo ou espaço para a elaboração. Nada. Não venho de uma família com crenças religiosas. Sou atéia, materialista. Não via, de imediato, nenhum caminho satisfatório para a elaboração da maior dor que já senti na vida.

Dois dias depois da morte do meu pai, passei a usar o barro desse luto como material para meu trabalho. Iniciei o único caminho que a mim parecia possível para essa elaboração. Meu templo é o teatro, minha liturgia é a pesquisa artística, minha reza é a dramaturgia. E esse é o germe deste espetáculo.

A morte é, para nós ocidentais, talvez o último intransponível tabu. Não falamos sobre ela. Não sabemos lidar com ela. No entanto, ela é também a única certeza inexorável. Num período histórico em que guerras, tragédias coletivas, violência, epidemias e pandemias são noticiadas em tempo real como nunca fora possível, e que a indústria cultural capitaliza em cima desses temas com espetacularização, a morte cotidiana se transformou em um assunto velado.

O processo de morte foi higienizado, burocratizado. O avanço da ciência e da medicina prolongou nossas vidas, mas também mudou a forma como morremos. Não se morre mais em casa, mas em hospitais – lugares onde busca-se vencer a morte, muitas vezes prolongando o inevitável. Ritos fúnebres são cada vez mais rápidos, padronizados e industrializados – com o boom de cremações comerciais.

A hipervalorização da juventude não quer nos deixar lembrar que morremos. Nós, homo sapiens sapiens. Sempre esquecemos o último sapiens do nosso gênero. Somos humanos que não só sabemos, mas sabemos que sabemos. Para muitos historiadores e antropólogos, o nascimento da cultura humana como a entendemos está ligado ao luto.

A morte inspirou os primeiros ritos humanos, os primeiros hieróglifos, as primeiras histórias contadas em volta da fogueira. O nascimento da filosofia, da religião, da arte. Elaborar o luto inaugura quem somos, e, ao renunciarmos a isso, renunciamos a uma angústia metafísica essencial. Não falar da morte não a afasta, apenas a torna mais temerosa.”

Ficha Técnica

Direção, elenco, dramaturgia, cenografia, figurinos: Bruna Longo

Codireção e provocações dramatúrgicas: Vitor Julian

Provocações estéticas (figurinos e cenografia): Kleber Montanheiro

Visagismo: Fabia Mirassos

Sapatos: Marcos Valadão

Desenho de Luz: Gabriele Souza

Esqueleto de baleia: Paul Zanon

Cenotécnica: Evas Carreteiro

Provocações de movimento: Paula D’Ajello

Provocações de Kung Fu: Daniel Fusco

Preparação vocal: Jessé Scarpellini

Trilha sonora incidental: L.P. Daniel

Direção de Produção: Paula Malfatti

Ilustrações: Victor Grizzo

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Fotos: Danilo Apoena

Sinopse

Bruna Longo acaba de morrer e procura elaborar o luto de si mesma – a única coisa que não podemos fazer empiricamente – enquanto reflete sobre a relação humana com a finitude, o tabu da morte na vida cotidiana e o processo de eliminação do rito fúnebre nas sociedades capitalistas ocidentais. O espetáculo é inspirado na morte recente do pai da atriz.

 

Serviço

Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte

Temporada: 16 de janeiro a 08 de fevereiro de 2026

De sexta a domingo, sempre às 19h

Capela do Cemitério do Redentor – Av. Dr. Arnaldo, 1105 – Sumaré, São Paulo – SP, 01255-000

Ingressos: R$60 (inteira) e R$30 (meia-entrada)

Vendas online em Sympla

Duração: 80 minutos

Classificação: 12 anos

Lotação: 20 lugares

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