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O alerta da OMS para a gripe em 2026

A nova gripe que levou a Organização Mundial da Saúde a emitir um alerta global surge como mais um lembrete incômodo de que o mundo continua vulnerável a crises sanitárias. Embora o termo “alerta” costume provocar reações imediatas de medo ou descrédito, ele deveria ser encarado, antes de tudo, como um chamado à responsabilidade coletiva. Não se trata de anunciar o fim do mundo, mas de reconhecer riscos e agir antes que eles se tornem incontroláveis.

Após experiências traumáticas recentes, seria razoável esperar uma sociedade mais preparada e governos mais atentos. No entanto, o que se observa é um cenário de fadiga social, no qual parte da população prefere ignorar avisos científicos para evitar reviver restrições, cuidados e mudanças de comportamento. Essa postura, ainda que compreensível do ponto de vista emocional, é perigosa. Vírus não se cansam, não negociam e tampouco respeitam fronteiras políticas ou ideológicas.

O alerta da OMS também expõe um problema recorrente: a dificuldade de comunicação entre ciência, autoridades e população. Quando informações técnicas são mal traduzidas ou politizadas, abre-se espaço para boatos, teorias conspiratórias e desinformação. A ciência trabalha com probabilidades e revisões constantes, e isso não é sinal de fraqueza, mas de rigor. Desacreditá-la por não oferecer respostas imediatas e definitivas é um erro que pode custar caro.

Por outro lado, é fundamental que governos usem o alerta como instrumento de prevenção, e não como ferramenta de pânico ou omissão. Investir em vigilância epidemiológica, fortalecer sistemas de saúde, apoiar pesquisas e orientar a população com clareza são medidas que demonstram maturidade institucional. Preparação é sempre mais barata, humana e eficaz do que reação tardia.

A nova gripe ainda levanta uma reflexão mais ampla sobre solidariedade global. Países com mais recursos tendem a se proteger primeiro, enquanto regiões mais pobres ficam expostas, criando um ciclo que favorece a disseminação do vírus. Saúde pública não pode ser tratada como privilégio nacional, mas como responsabilidade compartilhada.

No fim, o alerta da OMS não é apenas sobre uma nova gripe, mas sobre a escolha entre repetir erros ou aprender com eles. A ameaça maior não está apenas no vírus, mas na indiferença, no negacionismo e na falta de preparo. Estar atento não é viver com medo; é agir com consciência em um mundo cada vez mais interdependente.

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