A Comissão Especial que acompanha os casos de intoxicação por metanol em São Bernardo realizou, na manhã desta sexta-feira (28), nova reunião para dar sequência às investigações sobre a crise sanitária no município.
Além disso, o encontro contou com a participação de representantes da Vigilância Sanitária, que apresentaram um panorama atualizado dos casos, enquanto os vereadores discutiram novas medidas de enfrentamento.
Até o momento, conforme dados da Secretaria de Saúde, foram notificados 143 casos de possível intoxicação, sendo 131 de moradores da cidade. Nesse sentido, 12 casos foram confirmados, 131 descartados e outras investigações foram concluídas. Dois óbitos também foram registrados — um em São Bernardo e outro em município vizinho. Do mesmo modo, o levantamento aponta que 97 pacientes receberam alta, 37 evadiram, quatro permanecem internados e cinco seguem em hospitais particulares. Durante novembro, cinco notificações foram feitas, todas descartadas.
INDICAÇÃO
Durante a reunião, o vereador Julinho Fuzari apresentou novas indicações ao Executivo, com foco em endurecer as normas para ferros-velhos e, assim, combater práticas ilegais que contribuem tanto para a falsificação de bebidas quanto para furtos de cabos na cidade. “Precisamos quebrar esse ciclo vicioso. Com essa nova legislação, São Bernardo dará mais um passo importante para impedir esse comércio que tanto prejudica a saúde pública”, destacou.
Contudo, Fuzari explicou que, apesar de já existir uma lei municipal que proíbe bares e restaurantes de venderem garrafas vazias de bebidas alcoólicas, operações recentes da Comissão e da Secretaria de Saúde encontraram um grande volume desses recipientes em sucateiros. Ainda assim, as garrafas são compradas por valores entre R$ 4 e R$ 5 e usadas para envasar bebidas adulteradas, o que, segundo o vereador, coloca em risco a vida da população. “Muitas pessoas ficaram sequeladas e outras vieram a óbito consumindo bebidas falsificadas. E quantas mais tiveram sua saúde afetada sem sequer imaginar o que estavam ingerindo?”, completou.
INDICAÇÃO II
Além disso, o parlamentar apresentou uma segunda proposta — desta vez diretamente de seu mandato — para que a Prefeitura proíba que ferros-velhos recebam, estoquem ou comercializem fios de cobre, especificamente cabos retirados de instalações públicas ou privadas. Em outras palavras, o objetivo é desarticular a rota de receptação que alimenta furtos de fiação, responsáveis por deixar ruas sem iluminação, bairros sem internet e moradores sem telefonia. “É mais um ciclo do mal que precisamos enfrentar. Muitas vezes, esses furtos são cometidos por usuários de drogas em busca de dinheiro para sustentar o vício”, afirmou Fuzari.
Do mesmo modo, o vereador sugeriu que os mais de 22 ferros-velhos legalizados da cidade passem a fixar placas em suas fachadas, informando a proibição expressamente, tanto sobre garrafas quanto sobre fios de cobre.
As indicações apresentadas por Fuzari se fundamentam também em documentos e relatórios oficiais. Por exemplo, a Operação Metanol, realizada nos dias 4 e 5 de novembro, identificou irregularidades graves em diversos depósitos de sucata, culminando na apreensão de cerca de 1.000 garrafas de vodka vazias em um ferro-velho no bairro Riacho Grande. Todavia, mesmo após a Lei Municipal nº 7.487/2025 proibir a comercialização de recipientes de vidro vazios, o relatório aponta que o comércio ilegal continua ocorrendo em estabelecimentos que não têm autorização para manter esses materiais.
MARCOS FIDELIS
