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As novelas e o streaming

 

 

Há algum tempo, a audiência das novelas caiu e muitos brasileiros se perguntam se o público ainda se reconhece nas tramas da televisão aberta. De tempos em tempos, uma história se destaca. Em 2012, até a então presidente Dilma Rousseff cancelou compromissos para ver o fim de Avenida Brasil. Mais recentemente, voltou-se a questionar quem matou Odete Roitman, mas sem o mesmo entusiasmo.

Apesar de alguns sucessos, o cenário mudou. No início dos anos 2000, seria impensável uma novela das nove ser exibida e esquecida ainda no mesmo ano. Hoje, diversas tramas da última década já se perderam da memória popular.

Críticos apontam que o ritmo lento das produções não combina mais com a rotina apressada dos espectadores, habituados a narrativas curtas e diretas das séries estrangeiras. O hábito de acompanhar um capítulo por dia, seis vezes por semana, já não cabe na vida de muitos brasileiros.

Outro ponto é a identificação. O público se reconhece no que vê? Houve avanços na diversidade dos elencos, mas nem sempre acompanhados de histórias que explorem suas experiências. Muitas vezes, a inclusão parece uma obrigação, não uma escolha.

Nesse sentido, o horário das sete tem se destacado. Em 2023, Vai na Fé, de Rosane Svartman, alcançou 23,4 pontos ao unir temas sociais e questões religiosas. O sucesso se repete com Dona de Mim, que deve se tornar a novela mais longa do horário, com 220 capítulos previstos até 2026.

Curiosamente, tramas esquecidas na TV ganham nova vida no streaming. Viver a Vida (2009), antes discreta, voltou a ser sucesso ao retratar uma protagonista negra forte, um retrato mais desejado hoje do que há 15 anos.
Mesmo assim, o poder da televisão resiste quando acerta o tom. O remake de Renascer alcançou 311 milhões de horas assistidas em duas semanas, superando até produções globais da Netflix. O público pode ter mudado de tela, mas não de emoção.

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