A cidade de Diadema é 100% urbanizada e a terceira do Brasil em adensamento populacional, mas tem registrado ocorrências típicas de áreas rurais. Só este ano, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Urbanos (SMAS), registrou três ocorrências com cobras da espécie Pantherophis guttatus , ou cobra do milho (corn snake), uma espécie exótica que chegou ao Brasil trazida irregularmente dos Estados Unidos.
A espécie não é venenosa, porém a introdução e manutenção (posse) de espécies exóticas é tratada como crime ambiental, pois ameaçam os ecossistemas, interferindo em habitats e na cadeia alimentar de outras espécies nativas. O resgates mais recente aconteceu no início deste mês na ciclofaixa da avenida Maria Leonor, no Parque Reid, sob a ponte da Rodovia dos Imigrantes. Uma pessoa que passava pelo local, notou a cobra e contatou a GCM. Prontamente, a Guarda Ambiental providenciou o resgate do animal e encaminhou à SMAS.
Em abril, a mesma espécie de cobra foi apreendida na casa de uma família, que mantinha o animal como “de estimação”. Após a denúncia, o morador foi conduzido pela Fiscalização Ambiental à Delegacia de Crimes Ambientais (DICMA). “Vale ressaltar que o dono desse tipo de animal pode fazer a doação voluntária aos órgãos competentes e não sofrer nenhuma penalidade criminal”, explica Augusto Souza Tavares, médico veterinário da SMAS.
Originária dos Estados Unidos, a corn snake é conhecida como a cobra-do-milho porque é comum nas plantações de milho daquele país. Nesse tipo de plantio há muitos roedores, alimento preferido do bicho. Segundo Tavares, a espécie começou a se popularizar como “pet” no Brasil nos anos 1990, por se tratar de um animal dócil e não peçonhento (venenoso). Desde então, a espécie começou a ser criada e comercializada por aqui.
“Se a pessoa soltar a cobra na natureza, comete crime de “introdução de fauna exótica”, já que a corn snake tem potencial invasor e vai se reproduzir, concorrendo com as espécies locais, causando desequilíbrio no ecossistema, risco de zoonoses etc”, alerta o médico.
Duas cobras encontradas em Diadema foram levadas ao Zoológico de Itanhaém, após autorização dos órgãos competentes. A última foi enviada ao Instituto Butantã, em São Paulo, após a autorização para encaminhamento adequado.
Para denúncias ou resgate de animais silvestres, basta ligar para 153 – GCM Ambiental (24 horas). A orientação é que ninguém tente fazer o resgate sozinho, maltrate ou tente abater o animal.
Os cidadãos também podem registrar a solicitação no aplicativo da prefeitura, o Colab ( https://portal.diadema.sp.gov.br/colab/ ).
