A Região Sul do Brasil tem vivido uma sucessão de eventos climáticos extremos — tornados, ciclones e chuvas torrenciais — que vêm chamando a atenção de meteorologistas e preocupando a população. Nos últimos anos, a influência dos fenômenos El Niño e La Niña tem sido apontada como uma das principais causas da intensificação dessas ocorrências, revelando como o aquecimento e o resfriamento das águas do Pacífico impactam diretamente o clima brasileiro.
Durante o El Niño, as águas do oceano Pacífico equatorial se tornam mais quentes do que o normal. Esse aquecimento altera a circulação atmosférica e favorece o aumento das temperaturas e das chuvas no Sul do país. O resultado são tempestades mais intensas, com fortes ventos e maior risco de tornados e enchentes. O ar quente e úmido cria um ambiente propício para a formação de nuvens carregadas e sistemas convectivos — um prato cheio para fenômenos violentos. Nos últimos episódios de El Niño, como o de 2023, cidades gaúchas registraram destruição causada por ventos de mais de 150 km/h e volumes de chuva recordes.
Já durante a La Niña, o cenário se inverte. As águas do Pacífico ficam mais frias, e a circulação atmosférica muda de padrão. O Sul do Brasil tende a ter menos chuvas e temperaturas mais baixas, o que reduz a ocorrência de tempestades tropicais, mas aumenta o risco de estiagens severas. Ainda assim, a La Niña pode trazer eventos pontuais de ventania e granizo, especialmente quando massas de ar frio e quente se encontram de forma abrupta.
A alternância entre El Niño e La Niña, que costuma ocorrer a cada dois a sete anos, cria um ciclo de instabilidade que afeta diretamente a agricultura, a infraestrutura urbana e a segurança das comunidades. Segundo especialistas, o agravante atual é que o aquecimento global está tornando ambos os fenômenos mais extremos e imprevisíveis.
Com oceanos mais quentes e uma atmosfera sobrecarregada de energia, tanto o El Niño quanto a La Niña vêm assumindo novas proporções. O resultado é um Sul do Brasil cada vez mais vulnerável — ora castigado por chuvas torrenciais e ventos devastadores, ora por secas prolongadas e perdas agrícolas. Entre o calor excessivo e o frio intenso, o que se consolida é um alerta: o clima do futuro já está em curso, e seus efeitos estão cada vez mais próximos de casa.
