Para todas as áreas da vida nós nos posicionamos e colocamos metas e objetivos, mas, curiosamente, a área dos relacionamentos — principalmente os amorosos — parece cercada de um tabu: o de que não podemos nos declarar abertos a novas possibilidades ou interessados em mudar de status. Como se isso fosse errado, vergonhoso ou até mesmo desesperado.
Enquanto para finanças, educação, sonhos, carreira e saúde nós estudamos, nos posicionamos, conversamos sobre o assunto e tentamos aprender coisas novas, os relacionamentos, por outro lado, são deixados nas mãos do “destino” — ou até renegados, como se não fossem uma necessidade inerente a todos os seres humanos.
O problema de ignorar uma necessidade tão natural, deixando de lado o convívio social e a vida afetiva, é que ela volta maior depois de reprimida, e pior: transmutada em um monstrinho chamado carência. É ela quem faz as pessoas aceitarem o inaceitável, simplesmente porque estão vulneráveis. É basicamente como ir ao supermercado com fome: você leva para casa o que jamais levaria se estivesse satisfeito.
Por isso, mais do que parar para analisar a vida sentimental, é necessário colocar intencionalidade nela. Colocar, sim, a intenção de fazer novos amigos, de querer casar, de viver uma nova história — se esses forem, de fato, os seus objetivos.
Só com clareza do que se quer e profundidade na busca é que se pode dizer que realmente se tentou. Quem não se posiciona como alguém aberto a novas conexões e vive numa rotina fechada em si mesmo não pode afirmar que deu uma chance real à vida.
É preciso que as pessoas ao nosso redor saibam que estamos abertos e disponíveis. É preciso sair da zona de conforto, frequentar novos lugares, aceitar convites e, quando eles não aparecem, por que não criar as próprias oportunidades?
Para conhecer pessoas novas e se abrir ao amor ou à amizade, é preciso estar presente onde se está: não ficar no celular durante as conversas, ouvir com interesse genuíno, olhar nos olhos e investir em vínculos sinceros, mesmo sem intenção imediata. Às vezes, como diria Jorge Vercillo, a vida pode ser generosa, e de amigo a amigo, apresentar a sua pessoa.
Mais do que isso, é preciso abrir mão da perfeição e mostrar um pouco de vulnerabilidade, porque o que é perfeito não gera conexão. Mas isso fica para uma próxima conversa.
Uma coisa é certa: não é sentado no sofá assistindo Netflix e sonhando que o próximo ano será diferente que as coisas vão mudar. Essa frase vale para qualquer área da vida, mas, nos relacionamentos, ela nunca foi tão verdadeira.
Para ter resultados diferentes, é preciso fazer o que nunca foi feito antes. Repetir a mesma fórmula trará apenas os mesmos resultados. É necessário agir com propósito, consciência e foco. Só assim tiramos essa área do piloto automático e assumimos o comando do nosso destino afetivo e social.
Resumindo: trate essa área como um projeto importante da sua vida. Entenda o que você tem a oferecer, aja de acordo com o que deseja atrair, selecione os lugares que precisa frequentar, tenha paciência e constância, faça ajustes quando necessário e, permita-se viver um tempo de descobertas e boas surpresas nos seus relacionamentos.
Munick Rabuscky Davanzo
