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O Norte como vitrine global

Nunca o Norte do país esteve tão visível e valorizado quanto agora, às vésperas da COP30.

A escolha de Belém, no Pará, como sede da conferência do clima das Nações Unidas representa um marco histórico para o Brasil e um ponto de virada para a Amazônia. Pela primeira vez, o principal debate mundial sobre o futuro do planeta será realizado no coração da floresta, em meio às águas e às comunidades que sempre foram citadas, mas raramente ouvidas.

A Amazônia deixa de ser cenário para se tornar protagonista. O Brasil, ao colocá-la no centro da agenda global, assume o papel de porta-voz da urgência climática e da esperança de um novo modelo de desenvolvimento.

A COP30 em Belém é o reconhecimento da importância da Amazônia como reguladora do clima e guardiã da biodiversidade. É também uma reparação simbólica a uma região que, por muito tempo, foi tratada como periférica nas decisões nacionais. O Norte se vê finalmente como vitrine — não apenas por sua beleza natural, mas por sua relevância estratégica. É ali que se discutem os rumos da economia verde, da bioeconomia e das novas tecnologias sustentáveis. A floresta deixa de ser um espaço distante e passa a ser o centro de decisões que afetam o planeta.

Os impactos econômicos já se fazem sentir. A preparação para a COP30 está movimentando a infraestrutura, o turismo e o comércio regional. Belém vive uma transformação que inclui o aumento da malha aérea, novos voos, ampliação de hotéis e modernização urbana. O aeroporto se adapta para receber delegações de todos os continentes, e as empresas locais se preparam para uma demanda inédita.

Esse movimento vai além do evento: a conectividade aérea e logística pode redefinir o papel do Norte na economia brasileira, aproximando a região dos grandes centros e abrindo portas para o turismo sustentável e os investimentos em bioeconomia.

A realização da COP30 desperta um sentimento de pertencimento. Pela primeira vez, o debate sobre o clima acontece no território onde o problema e a solução coexistem. A floresta, os povos originários e as comunidades locais terão voz diante do mundo. Essa presença simbólica e concreta pode transformar o evento em algo mais do que uma conferência diplomática: pode ser o início de uma nova consciência sobre o Brasil e o papel do Norte na sustentabilidade global.

O desafio é garantir que o protagonismo não se esgote no brilho do momento. É preciso que a vitrine se converta em legado — que as obras deixem benefícios permanentes, que o turismo se mantenha ativo, que as oportunidades se multipliquem para os moradores locais.

O desenvolvimento sustentável da Amazônia só será real se incluir as pessoas que vivem nela, se gerar emprego e qualidade de vida.

A COP30 é mais do que um encontro de chefes de Estado. É a chance de o Brasil mostrar ao mundo que sabe unir preservação e progresso. Quando as luzes da conferência se apagarem, o que deve permanecer aceso é o olhar sobre a Amazônia como fonte de soluções — e não apenas de discursos. Que Belém inspire o mundo, e que o mundo aprenda com a floresta o valor de se renovar sem destruir.

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