Olhar para o Céu à noite e ver estrelas e planetas tão distantes que parecem pequenas bolas brilhantes atiça a curiosidade das crianças e de adultos que desde cedo imaginam desvendar mistérios do espaço. Os caminhos para a descoberta estão na Astronomia, ciência que estuda os corpos celestes (como estrelas, planetas, galáxias) e os fenômenos que ocorrem no Universo. E é esse caminho que a pequena Maria Clara, de 10 anos, aluna do 4º ano do Ensino Fundamental na EMEB Arlindo Miguel Teixeira, localizada no Grande Alvarenga, em São Bernardo, pretende seguir “quando crescer”.
Maria Clara revelou o seu sonho logo após deixar o Planetário móvel instalado nesta quarta-feira (24/09) na quadra coberta da maior EMEB da rede municipal, que tem cerca de 2.000 estudantes, do Fundamental 1 e Educação de Jovens e Adultos (EJA). O equipamento desenvolvido pelo Projeto Móbile permanece na escola até esta sexta-feira (26/09) e, ao final, todos os alunos terão passado pelo planetário para viver a experiência de ver de pertinho imagens que estão a milhões de anos-luz de distância.
“A proposta de trazer o planetário para a escola é extremamente relevante para a Educação. Essa atividade permite que nossos estudantes vivenciem, de forma prática e lúdica, conceitos científicos que muitas vezes ficam restritos aos livros. Iniciativas como essa ampliam o horizonte das crianças, despertam a curiosidade e fortalecem o vínculo entre a escola e a sociedade, mostrando o quanto experiências inovadoras podem transformar a aprendizagem”, apontou a secretária adjunta de Educação de São Bernardo, Jussara Bezerra.
Assim como Maria Clara, todos os estudantes que foram nesta quarta-feira ao planetário, na estreia do equipamento na unidade neste ano, demonstravam ansiedade enquanto aguardavam para entrar e não escondiam a euforia enquanto viviam a experiência de ver estrelas e planetas no escuro do espaço. Já do lado de fora, eram pura alegria, brilho nos olhos e aquele semblante de que queriam continuar onde estavam. Neste primeiro dia, foram aproximadamente 500 alunos, de 20 turmas do Ensino Fundamental 1, e 60 de três grupos da EJA.
“Achei muito incrível a sensação lá dentro, porque a gente consegue saber até a idade das estrelas. Quando a gente olha para o Céu à noite, lá estão as estrelinhas e os planetas, tudo pequenininho, mas aqui a gente vê tudo bem de perto, como eu sempre quis. Por isso, é demais, porque a gente consegue ver até o Sol de perto”, comentou Maria Clara, com brilho nos olhos. Perguntada sobre o que pretende ser no futuro, disse que quer estudar as estrelas e os planetas. “Vou fazer faculdade disso (Astronomia)”, disse, ao afirmar que é estudiosa e gosta “muito de ler” sobre estrelas. “São bonitas quando brilham.”
Com 26 anos de atuação na Educação e há três na direção da EMEB Arlindo Miguel, Wagner de Oliveira Silva pontuou que oferecer a experiência do planetário aos estudantes tem como umas das propostas valorizar o trabalho pedagógico. Para além disso, demonstrar de forma concreta como a escola integra o conhecimento formal com experiências práticas, assim como o impacto de projetos de estudo do meio na construção do saber.
“Acreditamos que a ida ao Planetário, por exemplo, não é apenas um passeio, mas uma imersão que estimula a curiosidade científica, o pensamento crítico e a compreensão do Universo de forma palpável e inesquecível. É uma atividade que pode inspirar outras escolas e servir como modelo e inspiração para outras unidades da rede, mostrando as possibilidades de enriquecimento do currículo através de ações inovadoras e contextualizadas”, explicou o diretor.
A iniciativa, segundo ele, ajuda a fortalecer a imagem da educação aplicada na rede municipal, destacando o empenho na oferta de um ensino de qualidade e relevante para os estudantes. “Vejo a importância de uma educação que vai além dos muros da sala de aula, conectando os alunos com o mundo real e estimulando a curiosidade inata. É uma oportunidade ímpar para mostrar como nossas ações pedagógicas, pautadas na experiência e na cultura, são decisivas na formação integral dos nossos jovens”, avaliou Wagner de Oliveira.
*PLANETÁRIO -* O Projeto Móbile já visitou centenas de unidades de ensino e participou de eventos em dezenas de cidades de todos os Estados do Brasil desde 1999, quando foi criado. De lá para cá, as unidades do Planetário móvel receberam em torno de 5 milhões de visitantes, segundo Ricardo de Sousa Felício, que há 17 anos está à frente do projeto.
“Acho que não tem um Estado em que a gente não colocou o planetário. Eu mesmo estive no Amazonas, em tribos indígenas, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Amapá. Então, posso dizer que estivemos em praticamente todos os Estados”, elencou Ricardo, que se define como astrônomo amador, ao lembrar que fez cursos de astronomia no Planetário do Ibirapuera, em São Paulo, reconhecimento de céu e astronomia básica “com os maiores astrônomos do Brasil, Irineu Varella e Paulo Varella”.
O conteúdo do Planetário Móvel foi desenvolvido pelo professor Irineu Varella, diretor do Planetário Municipal de São Paulo (no Ibirapuera) de 1980 a 2002. Ele desenvolveu também um roteiro específico e exclusivo para o Projeto Móbile, com quatro programas montados de acordo com as faixas etárias dos estudantes, inclusive com o uso de Libras.
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