
Às vésperas de completar 40 anos – no dia 5 de outubro -, o Zoológico de São Bernardo instalado em área do Parque Municipal Estoril, região do Riacho Grande, se tornou referência no Grande ABC e até no Estado na recuperação e cuidados de animais silvestres resgatados ou encontrados feridos. O exemplo mais recente sobre a importância do trabalho foi o sucesso no tratamento de uma gastrite ulcerativa em Gordo, de 20 anos, uma anta que chegou ao espaço junto com o irmão, Gandhi, 19 anos.
Segundo o veterinário Marcelo da Silva Gomes, responsável pela equipe do Zoo, Gordo e Gandhi nasceram no Zoológico Quinzinho de Barros, em Sorocaba, nos anos de 2004 e 2005, respectivamente. Como parte do programa de intercâmbio entre os zoológicos brasileiros, foram trazidos para o equipamento de São Bernardo em 2006 – os dois animais, aliás, só ficam atrás do jacaré-de-papo-amarelo Diniz em tempo de vida no Zoo – ele chegou em 2001. Desde então, tiveram vida tranquila e bastante saudável, com raríssimos problemas de saúde. “Contudo, com o avançar da idade, alguns problemas acabaram aparecendo, e há cerca de três meses o Gordo apresentou episódios de vômitos, ocorrência pouco comum neste grupo de animais”, explicou o médico.
Diante do quadro, a equipe realizou série de exames, o que incluiu uma endoscopia conduzida pela médica Cláudia Zanata, especialista neste tipo de procedimento, que diagnosticou uma gastrite ulcerativa. A partir disso, Gordo recebeu tratamento à base de Omeprazol e probióticos, além de alterações na dieta e sessões de enriquecimento ambiental. “Na dieta, dobramos a quantidade de folhas verdes e retiramos ou reduzimos os alimentos ricos em amido, como a mandioca, milho e batata doce”, frisou Marcelo.
“Após três meses de tratamento e sem qualquer manifestação clínica, resolvemos repetir a bateria de exames, novamente incluindo a endoscopia. E, desta vez, o irmão do Gordo, o Gandhi, também passou por todos os exames como medida preventiva. Felizmente, os exames de sangue e a endoscopia mostraram que Gandhi não tem qualquer alteração e que o Gordo está completamente curado”, comemorou o veterinário.
ANTA – Nome científico: Tapirus terrestres; tipo: mamífero; dieta: herbívoro; tempo de vida médio: na natureza, 22 anos, e em cativeiro, 25 a 30 anos; tamanho: ao redor de 2 metros; peso: 170 a 250 kg.
NOVO HÓSPEDE – A equipe do Zoológico do Parque Estoril recebeu nesta semana a incumbência de cuidar de uma fêmea de tucano-de-bico-verde, resgatada pela GCM Ambiental de São Bernardo na Vila São José. A ave estava caído no chão, sem capacidade de voar. Segundo o veterinário Marcelo da Silva Gomes, após os exames clínico e radiológico, constatou-se fratura completa de rádio e ulna (antebraço da asa).
A ave recebeu então tratamento analgésico, teve a asa imobilizada com tala, e sem necessidade de cirurgia, uma vez que o membro se manteve alinhado. “Agora, ela deverá permanecer no Zoológico por cerca de 45 a 60 dias e depois, se estiver em perfeitas condições, será devolvida ao ambiente natural”, explicou o profissional, ao lembrar que essa espécie de ave é comum na região.
ESTORIL – Sob o guarda-chuva da Secretaria de Serviços Urbanos, responsável pelo parque, o Zoo do Estoril recebeu em torno de 5.800 animais desde 2015, média de 580 a cada ano, dos quais pelo menos 35% foram devolvidos à natureza. O equipamento ocupa uma área de cerca de 10 mil metros quadrados no interior do parque e abriga, principalmente, animais silvestres brasileiros, com foco no bioma Mata Atlântica.
De acordo com o veterinário, o equipamento mantém, atualmente, em torno de 350 animais, de cerca de 70 espécies, quase todas da fauna regional. Entre elas, as mais relevantes são onça parda, anta, jaguatirica, lontra, quati, macaco prego, bugio ruivo, veado catingueiro, saguis, corujas, gaviões, papagaios, araras, maritacas, jacaré do papo amarelo, jiboia e jaboti.