O cinema brasileiro vive um momento histórico. Depois da consagração internacional de “Ainda Estou Aqui”, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025, o país deixou de ocupar um lugar periférico no cenário mundial para assumir posição de destaque. Aquela vitória não foi apenas simbólica; foi uma verdadeira virada de chave. Provou que nossas histórias têm força universal, que nossa dor é compreendida lá fora e que nossa arte tem a maturidade necessária para disputar em alto nível.
Agora, com “O Agente Secreto” como representante do Brasil no Oscar 2026, não se trata apenas de manter o embalo. O novo filme de Kleber Mendonça Filho aponta para uma continuidade coerente e ousada: mergulha no Recife de 1977, em plena ditadura, por meio de uma trama de espionagem e paranoia política. Um thriller de época que carrega relevância histórica, força estética e um elenco afiado, com Wagner Moura à frente. O filme já foi premiado internacionalmente, o que reforça o prestígio que o cinema brasileiro vem conquistando nos principais festivais do mundo.
A escolha de “O Agente Secreto” é também um reflexo direto do impacto causado por “Ainda Estou Aqui”. A vitória de 2025 abriu caminhos, ampliou o interesse global por nossas produções e colocou o Brasil de volta no radar de quem leva a sétima arte a sério. A partir dali, a dúvida deixou de ser se o Brasil conseguiria estar entre os indicados, e passou a ser qual será o próximo filme a surpreender.
Este novo momento exige mais do que comemoração. É hora de consolidar conquistas, garantir políticas públicas que incentivem a produção audiovisual e formar plateias atentas dentro e fora do país. A arte brasileira, quando encontra apoio, mostra sua potência. E o mundo está, finalmente, disposto a escutar.
“O Agente Secreto” não é apenas uma escolha acertada para o Oscar. É um sinal de que o cinema nacional está disposto a dialogar com o passado para transformar o futuro. E que, depois de décadas buscando espaço, agora estamos prontos para ocupar nosso lugar — não como exceção, mas como potência.