O volume de água nos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo segue em queda, gerando preocupação entre autoridades, ambientalistas e especialistas. Além disso, o cenário atual evidencia o impacto da estiagem prolongada e da degradação ambiental nos mananciais da região.
O Sistema Rio Grande, por exemplo, que capta água da Represa Billings e abastece os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema, registrou 54,94% de seu volume na manhã de ontem, contra 63,11% há apenas um mês. Contudo, a redução não se limita a esse sistema, afetando toda a rede de abastecimento metropolitana.
Quando observada a Represa Billings, o volume do reservatório atingiu seu pior índice dos últimos dez anos, alcançando 30,73%, enquanto há um mês estava em 35,50%. Ainda assim, esse nível permanece acima do recorde negativo de 2015, quando os reservatórios operaram com apenas 8,4% do volume total, durante a crise hídrica histórica da região.
SISTEMA
Todos os sistemas mananciais registraram quedas significativas. O Cantareira caiu para 31,78% (contra 38,64% há um mês), o Alto Tietê para 29,47% (antes 33,20%) e a Guarapiranga para 54,23% (antes 59,07%). Bem como esses números, o alerta ambiental cresce, exigindo ações preventivas imediatas.
Diante desse cenário, a Sabesp informou que adotará a redução da pressão da água no período noturno, entre 21h e 5h, quando o consumo da população é menor. Do mesmo modo, a medida atende à deliberação da Arsesp e busca reduzir perdas, evitar vazamentos e preservar os reservatórios que abastecem a região. Em outras palavras, a ação é preventiva e temporária, e imóveis conectados à caixa-d’água sentirão menos os efeitos da redução.
PRESERVAÇÃO
A bióloga e professora Marta Marcondes, da USCS, enfatiza que a preservação da vegetação é crucial para a sustentabilidade do reservatório Billings. “Quando se destrói a vegetação de áreas do reservatório, que são justamente produtoras de água, estamos dando um verdadeiro tiro no pé. Sem floresta, não há produção de água”, afirmou. Além disso, ela reforçou a urgência da universalização do saneamento, destacando que despejo de esgoto nos mananciais ainda ocorre com frequência.
SANEAMENTO
Segundo o advogado Virgílio Alcides de Farias, representante do MDV – Movimento em Defesa da Vida, a degradação ambiental e a falta de saneamento básico são problemas históricos que agravam a escassez. “Antes de qualquer coisa, é preciso entender o seguinte: esse nível de água está muito baixo, e isso já era esperado. Porque o que mantém o reservatório com água é a preservação e a recuperação da cobertura vegetal do seu entorno. Sem floresta, não há água”, afirmou. Todavia, segundo ele, ações conjuntas entre poder público e sociedade são essenciais para evitar que a crise se torne ainda mais severa.