O prefeito afastado de São Bernardo, Marcelo de Lima – Podemos, trocou de advogado em meio às investigações da Polícia Federal que apuram um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro.
A defesa do político agora será comandada pelo renomado criminalista Pierpaolo Cruz Bottini, conhecido por sua atuação em casos de repercussão nacional como o Mensalão, a Lava Jato e o rompimento da barragem de Brumadinho.
Além disso, Bottini tem histórico de atuação em favor de figuras públicas de peso, como Fernando Haddad, Arthur Lira, Gilberto Kassab e Aloizio Mercadante. Ainda mais, o advogado já foi cogitado para assumir uma vaga no – STJ – Supremo Tribunal Federal, após a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski.
RUMORES
Contudo, apesar das movimentações nos bastidores políticos, com informações do retorno do alcaide ao Paço Municipal, não há qualquer indício de que o prefeito afastado pela Justiça, retornará ao comando da Prefeitura de São Bernardo nos próximos dias.
Fontes ouvidas pela reportagem negaram qualquer movimentação nos autos nesse sentido. Outrossim, nesse meio tempo, a gestão municipal segue sob o comando da prefeita em exercício, Jessica Cormick – Avante.
A prefeita assumiu interinamente e manteve todos os secretários nomeados por Marcelo, inclusive aqueles citados no processo. Até o momento a Prefeitura não marcou uma coletiva de imprensa para pautar o afastamento de Marcelo e a posse de Jéssica.
UM MÊS
O afastamento do prefeito ocorreu em 14 de agosto, após a deflagração da Operação Estafeta pela Polícia Federal. Dois empresários e um servidor foram presos, e R$ 1,9 milhão em espécie foi apreendido.
Do mesmo modo, as investigações tiveram início em julho, quando a PF encontrou R$ 14 milhões no escritório de Paulo Iran, servidor da Assembleia Legislativa que está foragido e é apontado como operador financeiro de Marcelo Lima.
Vale lembrar, que o referido escritório onde R$ 14 milhões foram encontrados pela PF, ficam na mesma rua da residência do prefeito afastado, a poucos metros de sua residência.
PROPINA
O caso envolve suspeitas de propina em contratos de obras, saúde e manutenção. Ainda assim, o advogado criminalista, Dr. Luis Ricardo Vasques Davanzo destacou que o futuro da operação dependerá da análise das provas.
“No direito, no que tange às nulidades, existe a teoria dos frutos da árvore envenenada. Ou seja, se lá na origem existe algum vício, alguma nulidade, tudo o que decorre desse ato também passa a ser inválido”, afirmou.
Além disso, Davanzo questionou a validade da autorização concedida à Polícia Federal para as diligências no escritório de Paulo Iran.
“A questão é: em quais circunstâncias essa pessoa assinou tal autorização? Foi realmente uma manifestação livre e voluntária de vontade? Caso a Justiça reconheça que não houve autorização válida, não poderia ter ocorrido a invasão sem mandado, sem ordem judicial, sem busca e apreensão regular”, explicou o ex-presidente da OAB de São Bernardo.
IMPEACHMENT
Porém, o cenário político local também tem seus desdobramentos. Ontem, a Câmara Municipal de São Bernardo rejeitou por unanimidade o pedido de impeachment contra Marcelo Lima, apresentado por representantes do PSOL.
Entre os 26 vereadores presentes, 25 votaram contra a medida; apenas a presidente em exercício, Ana Nice – PT, não participou da votação por impedimento regimental.