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Apenas 36,7%: volume dos mananciais atinge menor índice desde 2015

Sabesp reduz pressão da água, enquanto queda generalizada nos reservatórios acende alerta para nova crise hídrica

O volume de água armazenado nos mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo caiu ainda mais nos primeiros dias de setembro. De acordo com dados da Sabesp, o Sistema Integrado Metropolitano passou de 36,9% (718,43 hm³) no dia 1º para 36,7% (714,13 hm³) no dia 2, o que representa uma redução de 0,2 ponto porcentual. Além disso, esse é o menor índice registrado para a data desde 2015.

A situação da represa Billings, um dos mais importantes reservatórios da região, também preocupa. Em 22 de agosto, ela operava com 33,9% da capacidade, contra 36,04% no início do mês e 38,01% no fim de julho. Contudo, ontem, o índice caiu ainda mais, chegando a 32,84%, o que reforça o alerta de especialistas.

Todos os sistemas mananciais registraram queda. O Cantareira, por exemplo, reduziu de 34,4% para 34,2%, passando de 337,61 hm³ para 335,48 hm³. Do mesmo modo, o Alto Tietê caiu de 29,3% para 29,1%, enquanto Guarapiranga passou de 53,3% para 53%. Já o sistema Cotia diminuiu de 58,3% para 58,0%. Nesse sentido, outros reservatórios como Rio Grande (58% para 57,8%), Rio Claro (20,9% para 20,8%) e São Lourenço (54% para 53,6%) também tiveram variação negativa.

Ainda assim, diante da baixa pluviometria, a Sabesp anunciou a redução da pressão da água na distribuição durante oito horas na madrugada em toda a Grande São Paulo. Além disso, houve diminuição do volume retirado do Sistema Cantareira, atendendo à determinação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico e da Agência de Águas do Estado de São Paulo, que reduziram a vazão autorizada de 31 m³/s para 27 m³/s.

Segundo o advogado Virgílio Alcides de Farias, representante do Movimento em Defesa da Vida, a crise vai além da falta de chuva. “Antes de qualquer coisa, é preciso entender o seguinte: esse nível de água está muito baixo, e isso já era esperado. Por quê? Porque o que mantém o reservatório com água é a preservação e a recuperação da cobertura vegetal do seu entorno. Sem floresta, não há água”, afirmou.

A bióloga e professora Marta Marcondes, da USCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul, reforça a necessidade de preservação da vegetação como medida de segurança hídrica. “Quando se destrói a vegetação de áreas do reservatório, que são justamente produtoras de água, estamos dando um verdadeiro tiro no pé. Sem floresta, não há produção de água. Esse é um ponto crucial”, declarou.

Porém, a especialista destaca ainda outro fator: a ausência de saneamento básico em muitos municípios da região. “Os municípios não podem, e não devem mais, despejar esgoto sem nenhum tipo de tratamento dentro do reservatório, mas infelizmente ainda vemos isso acontecendo repetidamente”, lamentou Marta.
Procurada pela reportagem, a SABESP não retornou aos contatos.

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