A PF – Polícia Federal anunciou que realizará uma investigação profunda — a chamada “devassa” — sobre cinco anos de movimentações financeiras de 35 pessoas. Nesse sentido, a apuração está diretamente ligada ao esquema que resultou no afastamento do prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima – Podemos. A Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário de todos os investigados, incluindo Lima, o operador Paulo Iran Paulino Costa — que segue foragido —, além de vereadores, assessores e empresários.
Além disso, foram autorizadas buscas e apreensões contra 16 deles. A PF acredita que a análise pode revelar a participação de outros agentes ainda não identificados. Marcelo Lima, que já havia sido alvo da Operação Estafeta, encontra-se afastado do cargo e utiliza tornozeleira eletrônica, por determinação do TJ – Tribunal de Justiça de São Paulo.
Ainda assim, a investigação avança com indícios consistentes de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, a suspeita é de que Lima integre uma organização criminosa com atuação em contratos municipais em São Bernardo. A apuração teve início em julho, após a descoberta de R$ 14 milhões em espécie na residência de Paulo Iran Paulino Costa, então funcionário de gabinete do deputado estadual Rodrigo Moraes – PL.
No local, contudo, os agentes também encontraram comprovantes de pagamentos de despesas pessoais de Lima e de seus familiares, além de crachás que garantiam acesso de veículos à Prefeitura de São Bernardo. De acordo com a investigação, haveria ainda repasses de propina ligados a contratos das áreas de obras, saúde e manutenção.
Operação
Na operação da quinta-feira (14), por exemplo, foram apreendidos R$ 1,6 milhão em diferentes endereços de empresários e servidores apontados como integrantes do esquema de desvio de verbas públicas. Apesar disso, a Prefeitura divulgou nota afirmando que colaborará integralmente com as autoridades e ressaltou que “o episódio não afeta os serviços na cidade”.
Câmara
Do mesmo modo, a repercussão chegou à Câmara Municipal, onde o presidente afastado, vereador Danilo Lima – Podemos, se manifestou pela primeira vez nesta segunda-feira (18). Em suas redes sociais, ele disse manter serenidade e confiança na Justiça, mas não se defendeu. “Não tenho nada a temer. Estou convicto de que este momento será superado e de que logo tudo será resolvido”, escreveu o parlamentar.
Juntamente com a manifestação pessoal, a Câmara também emitiu nota oficial reforçando o compromisso “com a legalidade, a transparência e o respeito às instituições”. A Casa legislativa declarou que acompanhará os desdobramentos “com serenidade e firmeza, confiando no devido processo legal”.
Todavia, o afastamento de Danilo Lima foi formalizado pelo TJ-SP, que determinou sua suspensão por um ano, em decisão da 4ª Câmara de Direito Criminal. Nesse contexto, a vice-presidente Ana Nice – PT, assumiu interinamente a presidência da Casa, garantindo a continuidade administrativa e o compromisso com a estabilidade política.