Em uma reviravolta nas investigações que chocaram a cidade de São Bernardo, o padrasto de Lucas da Silva, jovem de 19 anos que morreu após ingerir bolinhos de mandioca envenenados, confessou ter sido o autor do crime. Ademilson Ferreira dos Santos admitiu à Polícia Civil que colocou chumbinho no alimento que levou à morte do enteado.
Apesar de inicialmente as investigações apontarem a tia de Lucas como suspeita, os investigadores voltaram suas atenções a Ademilson devido a contradições em seus depoimentos. Além disso, o fato de ele próprio ter preparado e entregue os cinco bolinhos foi determinante para a mudança no foco das apurações. Ainda mais, os laudos toxicológicos e a análise de mensagens de celular reforçaram os indícios contra o padrasto.
Durante o depoimento, Ademilson revelou que o veneno foi adquirido pela esposa por R$ 25 em uma loja de Diadema, município vizinho. Em outras palavras, ele alegou que a substância seria usada para matar ratos, mas acabou sendo misturada em creme de leite e oferecida aos familiares. Contudo, ele mesmo, a esposa e os enteados acabaram consumindo os bolinhos contaminados.
Em um áudio que vazou durante a investigação, Ademilson detalha o momento do envenenamento: “Era para misturar o chumbinho para matar ratos. Vem os bolinhos. ‘Botei’ um pouquinho de creme de leite, coloquei um pouquinho de chumbinho e coloquei na boca. Cortou minha boca. Dei um pouco para o Lucas, um pouco para o Tiago e um pouco para ela (esposa). Eu quero ela presa”. Nesse sentido, o áudio também aponta um possível conflito conjugal, além de questões psicológicas e emocionais ainda sob análise.
Ao ser indagado sobre o motivo da mistura letal, Ademilson alegou intenção suicida. Porém, Lucas foi quem mais sofreu, como ele próprio admite em sua fala. Ou seja, o suposto plano de tirar a própria vida terminou em tragédia familiar, com consequências fatais para o jovem.
A Polícia Civil também investiga uma possível motivação mais sombria para o crime. Relatos apontam que Ademilson seria excessivamente ciumento e possessivo com os enteados. Ainda assim, ele nega com veemência as acusações de abuso sexual e afirmou em sua confissão: “Sou homem, não estuprador”. Apesar disso, informações reunidas até o momento indicam que Lucas pretendia se mudar para viver um relacionamento amoroso, o que teria gerado ainda mais tensão com o padrasto.
Do mesmo modo, chamou atenção dos investigadores o conteúdo de uma mensagem enviada por Ademilson a um pastor, na qual ele afirma ter cogitado matar Lucas. Juntamente com os demais elementos reunidos no inquérito, esse trecho reforça a suspeita de premeditação do crime.
Ademilson foi preso temporariamente na última quarta-feira (16) e permanece sob custódia. Todavia, a expectativa é de que ele seja indiciado por homicídio triplamente qualificado. O caso continua em investigação, e a Polícia busca esclarecer todos os detalhes que envolvem a morte de Lucas, que passou cerca de 10 dias internado até falecer no domingo (20).