Laura Yamane
DOLCE & GABBANA
Foi um desfile feminino de proporções Fellini no Fórum Romano. Se você for Dolce & Gabbana, com um desfile masculino na Ponte di Castel Sant’Angelo. A ponte, construída por volta de 134 d.C. pelo Imperador Adriano para conectar o centro de Roma ao seu futuro mausoléu. Ao longo dos séculos, o antigo edifício foi transformado em uma fortaleza medieval, residência papal e cenário de uma cena de “A Princesa e o Plebeu” . Esta noite, o castelo estava iluminado como um cenário de filme, com holofotes e dezenas de figurantes, com luzes de kleig e dezenas de figurantes da Cinecittà se exibindo como cardeais.
Conclave II talvez fosse um bom nome para o futuro filme. Domenico Dolce e Stefano Gabbana escolheram trajes sacerdotais como tema e não deixaram nada a desejar em seu estudo, que variou de túnicas de linho engomadas, versões modernas da sobrepeliz tradicional, usadas com calças fluidas no lugar de robes, a ternos trespassados cobertos com cruzes de joias, até as mais dramáticas vestes papais, adornadas com bordados de cristal.
IRIS VAN HERPEN
Na coleção Sympoiesis, Iris van Herpen reafirma sua posição como uma das vozes mais visionárias da moda contemporânea. Em vez de apenas vestir o corpo, ela o transforma em extensão de sistemas maiores — o oceano, o clima, a biologia, a luz.
A partir da teoria de Gaia, de James Lovelock, e com colaborações que vão do artista de luz Nick Verstand ao biólogo marinho Chris Bellamy, Van Herpen une ciência, arte e performance em peças que literalmente ganham vida. Um dos looks mais especiais foi cultivado com 125 milhões (!) de microalgas bioluminescentes, que reagem à movimentação do corpo — criando luz em tempo real.
RAUL MISHRA
A inspiração do pintor austríaco Gustav Klimt pode ser observada no tema da espiritualidade e no uso do dourado nas peças de Rahul Mishra
Como parte da programação da Semana de Alta-Costura em Paris, o couturier indiano Rahul Mishra apresentou uma coleção deslumbrante que mergulha na delicadeza do romantismo. Inspirado nos sete estágios do amor segundo o sufismo, o estilista traduziu essas emoções por meio de cores e texturas que remetem às obras do pintor austríaco Gustav Klimt — especialmente a icônica pintura O Beijo.
Amor e espiritualidade
As referências escolhidas por Mishra buscam expressar o intangível: o amor e a espiritualidade. Esses dois temas, centrais tanto na literatura sufi indiana quanto na obra de Klimt, se entrelaçam na proposta do estilista. Os sete estágios do amor representam, segundo a tradição local, uma jornada em direção ao divino — ideia que também se manifesta nos trabalhos do pintor austríaco, especialmente por meio do uso do dourado e de elementos de inspiração celestial.
Os sete estágios representados nas peças são: atração, paixão, rendição, reverência, devoção, obsessão e morte.
Nas criações apresentadas, Mishra explorou formas delicadas que valorizam a silhueta feminina. Em alguns looks, acessórios de cabeça semelhantes a véus que cobrem o rosto inteiro reforçaram a atmosfera de mistério e contemplação. Sentimentos de devoção e paixão permearam todo o desfile, criando uma narrativa visual sensível e poética.