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Quando a estratégia é torcer contra

Há uma perigosa distorção de valores que, infelizmente, tem se tornado recorrente no Brasil: o “quanto pior, melhor”. É o torcer pelo fracasso, pela crise, pelo tropeço nacional — desde que isso atinja adversários políticos. Essa lógica distorcida ressurge agora com força diante da possibilidade de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor tarifas sobre produtos brasileiros.

Tal ação, ainda incerta — que pode ser negociada ou revertida, mas que deve também, se caso se confirmar, receber resposta à altura também do governo brasileiro — já foi o suficiente para alimentar um coro de críticas não à possível ameaça externa, mas ao governo brasileiro. Há quem diga que “avisei”, que “isso é culpa do Lula” ou que “é o preço da perseguição a Bolsonaro”. Como se o país, como um todo, devesse pagar por disputas internas travestidas de profecias políticas.

Não se trata de defender um governo. Trata-se de defender o Brasil.

Uma eventual taxação de produtos brasileiros não atinge apenas Brasília ou o Palácio do Planalto. Atinge trabalhadores do campo, exportadores, empresas, empregos e a balança comercial. Prejudica o país em sua totalidade. E não há satisfação possível em ver o Brasil perder espaço no comércio internacional. Pelo contrário, isso exige união, diplomacia e uma visão madura dos interesses nacionais.

Gostar da ideia de uma briga entre Brasil e Estados Unidos, como se fosse uma partida de futebol entre torcidas rivais, é perder completamente a noção do que está em jogo. Relações internacionais não são arenas de revanche ideológica. São campos complexos onde se joga com estratégia, equilíbrio e foco no bem-estar da população.

É vergonhoso e inaceitável ver cidadãos celebrando uma possível sanção estrangeira como se fosse uma vitória política. Como se a punição coletiva da nação pudesse ser usada como argumento eleitoral. Não é. Nunca será.

Torcer pelo Brasil é torcer para que as relações com os Estados Unidos – e com o mundo – sejam equilibradas, respeitosas e benéficas para todos nós, brasileiros. Qualquer coisa diferente disso não é oposição. É sabotagem.

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