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Caso de criança amarrada em escola no Paraná reacende debate sobre projeto de lei em SBC

Proposta do vereador Julinho Fuzari, que prevê cassação de alvará de instituições envolvidas em maus-tratos, ganha repercussão nacional após episódio envolvendo menino autista de 4 anos

O caso revoltante do menino de 4 anos, com TEA – Transtorno do Espectro Autista e não verbal, encontrado amarrado dentro de um banheiro de escola na cidade de Araucária, no Paraná, trouxe nova luz a um projeto de lei já em tramitação em São Bernardo. A proposta, de autoria do vereador Julinho Fuzari – Cidadania, prevê a cassação do alvará de funcionamento de estabelecimentos, escolas e clínicas que praticarem maus-tratos contra crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência.

Apesar de o projeto já existir há algum tempo, o episódio recente fez com que a iniciativa ganhasse ainda mais repercussão e apoio popular. “Infelizmente, o que aconteceu em Curitiba escancara o tipo de realidade que queremos combater com urgência. Não podemos permitir que pessoas vulneráveis continuem sendo vítimas dentro de ambientes onde deveriam ser cuidadas”, afirmou Fuzari.

Além disso, o vereador destacou que São Bernardo tem a oportunidade de ser pioneira em uma legislação municipal que vá além da esfera penal. “Sabemos que o Código Penal já prevê punições para esses crimes, mas precisamos ir além. Como legislador municipal, infelizmente não temos mecanismos diretos para punir criminalmente, mas podemos sim criar leis que coíbam e previnam esse tipo de violência”, pontuou.

Nesse sentido, o projeto determina que qualquer instituição flagrada ou condenada por maus-tratos poderá ter seu alvará cassado pela Prefeitura, perdendo o direito de funcionamento na cidade. Do mesmo modo, a proposta visa pressionar os estabelecimentos a adotarem políticas rígidas de integridade, treinamento e acolhimento de pessoas com deficiência ou qualquer tipo de vulnerabilidade.

Ainda mais, a proposta já conta com parecer favorável da Procuradoria da Câmara, o que acelera sua tramitação legislativa. “Nosso principal objetivo é proteger as crianças, os indivíduos com deficiência, os autistas, as pessoas com qualquer tipo de vulnerabilidade. E isso passa por responsabilizar com rigor instituições que venham a praticar maus-tratos — sejam elas escolas, clínicas ou comércios em geral”, explicou o parlamentar.

Contudo, Julinho reconhece que o enfrentamento ao problema não é simples. “Sabemos que esses casos nem sempre vêm à tona, porque envolvem pessoas que, muitas vezes, não conseguem se expressar ou se defender. Por isso, a legislação precisa ser dura com quem falha na responsabilidade de cuidar”, afirmou.

Em outras palavras, o projeto quer estabelecer um novo patamar de compromisso ético das instituições com a dignidade humana. “Estamos propondo punições severas, como a perda do alvará de funcionamento para quem cometer esses atos. Tenho convicção de que, em breve, ele será aprovado. E, mais uma vez, poderemos dar um exemplo pioneiro para todo o país, mostrando que São Bernardo está comprometida com a proteção, a inclusão e o respeito à pessoa com deficiência”, concluiu o vereador.

Por fim, o episódio em Curitiba — que levou à prisão em flagrante da professora suspeita — funcionou como um triste lembrete de que a vulnerabilidade ainda é tratada com negligência em muitos espaços. O projeto de São Bernardo surge, portanto, como um passo firme e necessário para transformar essa realidade, fazendo da proteção uma prioridade e da impunidade, exceção.

MARCOS FIDELIS

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