Com foco na modernização dos meios de pagamento e na ampliação da inclusão financeira, o BC – Banco Central lançou na segunda-feira (16) o Pix automático, novo serviço que permite o agendamento de pagamentos recorrentes, como contas de consumo, mensalidades escolares, assinaturas digitais e outros serviços periódicos — sem necessidade de boleto bancário ou débito automático tradicional.
Além disso, o sistema representa um avanço especialmente para microempreendedores individuais (MEIs) e pequenas empresas, que enfrentavam obstáculos para acessar o modelo tradicional de débito automático, geralmente restrito a grandes companhias. Com o Pix automático, esses prestadores podem solicitar a adesão diretamente ao banco onde mantêm conta, simplificando o processo de cobrança.
Ainda mais vantajoso para o consumidor, o Pix automático exige apenas uma autorização inicial. A partir daí, os valores são debitados diretamente da conta do pagador, conforme a periodicidade e os limites definidos pelo próprio usuário. A cobrança pode ocorrer 24 horas por dia, inclusive em fins de semana e feriados. O cliente também pode, a qualquer momento, ajustar os valores, alterar a frequência ou cancelar a autorização.
Contudo, apesar da inovação, a preocupação com a segurança digital continua sendo um dos principais desafios da popularização do Pix. O próprio Banco Central reconhece que o atual MED – Mecanismo Especial de Devolução, criado para atender vítimas de fraudes e golpes virtuais, ainda apresenta limitações significativas.
Do mesmo modo, dados oficiais revelam que apenas 31% dos cerca de 5 milhões de pedidos de devolução por fraude foram aceitos até agora. Em termos financeiros, menos de 7% dos valores desviados foram recuperados: apenas R$ 459 milhões, de um total estimado de R$ 6,98 bilhões transferidos de forma indevida.
Em outras palavras, o MED atual só rastreia a primeira conta de destino do valor fraudado. Como as quadrilhas geralmente pulverizam o dinheiro rapidamente, por meio de transferências sucessivas entre várias contas de laranjas, o sistema perde a capacidade de seguir o rastro completo da fraude.
Nesse sentido, o Banco Central trabalha no desenvolvimento do MED 2.0, uma versão mais robusta do mecanismo antifraudes. A principal novidade será a possibilidade de rastrear o dinheiro em até cinco níveis de transferências, aumentando as chances de bloqueio dos valores e identificação dos envolvidos. A previsão é de que o novo sistema seja lançado no primeiro trimestre de 2026.
Todavia, a complexidade técnica para integrar as mais de 800 instituições financeiras habilitadas a operar com o Pix tem exigido um cronograma cuidadoso de testes e ajustes. Ainda assim, o BC acredita que o MED 2.0 representará um avanço significativo no combate às fraudes e na proteção dos usuários.
Ou seja, enquanto o Pix automático promete revolucionar a forma como brasileiros pagam contas e serviços, o sucesso da ferramenta depende também de um ecossistema de segurança digital mais eficiente. O lançamento do MED 2.0 surge como resposta a essa necessidade — e como esperança para milhões de usuários que já foram lesados por golpes online.