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CNJ lava a alma de quem sofreu injustiças de Marcelo Bretas

O Rio esteve sob o ataque de uma gangue de toga. A decisão do Conselho Nacional de Justiça – CNJ – de aposentar o juiz Marcelo Bretas coloca um ponto final na infame mistura do poder judiciário e a política, pelo menos na política fluminense.

Aposentado, ele manterá os seus proventos, uma punição sem danos pecuniários, o que é muito pouco pelo que cometeu em nome do lavajatismo. O CNJ, ao final do julgamento, enviou pedido à Advocacia Geral da União – AGU – para que ela abra um procedimento de expulsão do serviço público.

Receberá remuneração por poucos meses até ser decapitado profissionalmente pelo que fez.

Correio da Manhã sempre denunciou os atos arbitrários em nome da justiça cometidos por este senhor que sujou a toga. Foi ele que determinou busca e apreensão em mais de 40 escritórios de advocacia, entre eles o do hoje ministro do STF Cristiano Zanin.

Foi ele que vazou depoimento na véspera do pleito de 2018 para prejudicar o candidato Eduardo Paes e favorecer o seu sócio Wilson Witzel.

Foi ele que trabalhou para ser prefeito do Rio, como candidato do amigo governador.

Foi ele que infernizou toda uma geração de políticos fluminenses, como condenar o ex-governador Pezão a 98 anos de prisão, e que depois foi plenamente absolvido.

Foi ele que massacrou Sérgio Cabral, o primeiro a se rebelar publicamente contra o juiz.

Foi ele que, em ato de extrema crueldade, determinava a prisão não só de réus, mas de seus familiares, provocando até casos de suicídio.

Foi ele que condenou a 48 anos de prisão o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, um dos maiores especialistas em energia nuclear no Brasil.

Foi ele que, faceiramente, participou de ato evangélico em Botafogo, dançando no palco e tentando se colocar eleitoralmente com Bolsonaro.

Marcelo Bretas ostentava ao circular com escolta reforçada paga pelo estado. Duas viaturas, uma na frente e outra atrás, traduziam o seu empavonamento.

Marcelo Freixo e Alessandro Molon saíram em defesa de Bretas, ao lado de artistas militantes da esquerda, que aplaudiam as arbitrariedades cometidas.

Mas sabem por que isso ocorria? Pela cumplicidade de uma mídia inquisitória, hipnotizada pelo justiceiro de toga, que na verdade era um negociante de sentenças.

Da mesma forma que o Correio da Manhã não se curvou a Wilson Witzel, sempre denunciamos os excessos de Marcelo Bretas, inclusive quando atacou, com seus seguranças, um médico no Aterro do Flamengo, em um caso passional.

As televisões e os jornais que colocaram Bretas no pedestal de herói irão fazer uma autocrítica? Fizeram da condenação midiática o maior aliado deste senhor que sujou a toga, por conta de uma diarreia incontrolável provocada pela sua sede de poder e de dinheiro.

E agora? Haverá, por parte da mídia, pedido de desculpas pela condenação midiática às vítimas das dezenas de julgamentos contaminados pela atuação indevida do magistrado que nunca foi questionada?

O que assistimos agora foi aula de correição promovida pelo Conselho Nacional de Justiça, com fatos que foram ignorados por parte da imprensa e artistas que preferiram ficar ao lado do paladino das injustiças.

A cumplicidade midiática foi o grande combustível de Marcelo Bretas, como está sendo agora contra os irmãos Brazão e delegado Rivaldo.

A mídia tem que ser vigilante e refratária aos excessos cometidos pelos togados, por ela elevados ao grau de herói, e pela militância ideológica que quer criminalizar a política.

Wilson Witzel sofreu impeachment, Bretas foi condenado pelo CNJ e os procuradores envolvidos terão de responder ao Conselho Nacional do Ministério Público.

O julgamento foi acompanhado por muitos injustiçados por este senhor que desonrou a magistratura.

A justiça tarda, mas realmente não falha. O CNJ fez história neste 3 de junho de 2025.

Por Claudio Magnavita
Diretor de Redação do Correio da Manhã

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