O vereador de São Bernardo Luiz Henrique Watanabe – PRTB, eleito em outubro de 2024 com 3.770 votos, não incluiu em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral uma construtora da qual é sócio. Segundo registros da JUCESP – Junta Comercial do Estado de São Paulo, Watanabe figura como sócio da empresa Porto Feliz Produtos e Obras Ltda desde 10 de outubro de 2022 — ou seja, dois anos antes da eleição.
Ainda assim, a construtora não aparece entre os bens declarados por Watanabe ao TSE – Tribunal Superior Eleitoral. No documento entregue durante o registro de sua candidatura, o parlamentar afirmou possuir apenas R$ 70 mil em aplicações financeiras e um apartamento avaliado em R$ 900 mil. Apesar disso, não houve qualquer menção à empresa, cujo capital social registrado é de R$ 10 mil e que tem sede em um endereço residencial na Vila Lusitânia, bairro nobre de São Bernardo.
Além disso, conforme os dados da Jucesp, a empresa tem como atividades principais a construção de edifícios, obras de alvenaria e comércio atacadista de materiais de construção — setores tradicionalmente ligados a contratos públicos e licitações. Contudo, o vereador argumenta que a empresa jamais operou. Em sua defesa, ele afirma que seguiu orientação jurídica para não incluir a construtora na lista de bens, sob a justificativa de que a mesma “não possui valor econômico nem atividade operacional”.
Nesse sentido, Watanabe declarou: “A orientação jurídica que recebi foi para não declarar essa empresa, justamente porque ela não possui capital social integralizado, não gera renda, não tem sede funcional — talvez conste algo no documento, mas, sinceramente, nem me recordo — e, do ponto de vista prático, ela simplesmente não existe”.
Do mesmo modo, o parlamentar alegou que a construtora não teve qualquer movimentação financeira desde a sua criação e que, por isso, não configura patrimônio relevante. Ou seja, segundo ele, a empresa não se enquadra nos critérios da Justiça Eleitoral para obrigatoriedade de declaração. “Essa foi a recomendação dos advogados que acompanharam tanto a minha candidatura quanto a prestação de contas”, acrescentou.
Ainda mais, Watanabe tentou minimizar a repercussão do caso, classificando as críticas como ataques de adversários políticos incomodados com sua atuação na Câmara Municipal. “Quem está tentando levantar essa questão age de má fé, movido por incômodo com o trabalho que venho realizando neste mandato”, afirmou. Todavia, não detalhou quem seriam os autores dessas supostas articulações.