Editorial – Coisas da democracia…

 Conversando com jornalistas estrangeiros, nestes dias, manifestaram surpresa pelo fato de os Jogos Olímpicos não terem sido o desastre temido, ao contrário e, também, por estarmos num processo legal de expulsão de governantes corruptos do poder sem que o país esteja tumultuado, à beira duma guerra civil. A única resposta é que são coisas da democracia…  Os jogos são de interesse universal não dependendo na forma e no conteúdo, senão remotamente, de questões políticas. O mundo tinha interesse em que dessem certo. A questão interna diz respeito à aposta errada – por parte dos golpistas totalitários de saída – quanto à capacidade do brasileiro de fanatizar-se como ocorreu na Rússia com Stalin, na Alemanha com Hitler, em Cuba com Fidel ou outros países com seus ditadores de plantão.  Nas Olimpíadas há pouca medalha para muito atleta, mas, a disputa é limpa: ou o sujeito é competente e ganha, ou não, e perde. O povo escolhe seus heróis por suas façanhas e, terminadas as competições, todo mundo volta para casa feliz. É algo temporário, determinado, direto e evidente.  Na política nada do que parece é, e o que é, não parece, especialmente no regime democrático. Uma de suas várias peculiaridades é estar ao alcance de todo e qualquer safado, a qualquer momento e, assim mesmo, sobreviver. Não é fácil, porém, não é impossível. Estamos dando provas disso atualmente.