O episódio caricato do impeachment que, formalmente, se encerra no fecho do “mês de cachorro louco” cumpriu os preceitos legais da legislação vigente embora, do ponto de vista civilizatório e ético, muito deixou a desejar. De medida necessária para impedir a progressão de um projeto totalitário de poder que, afortunadamente, degenerou em densa corrupção e caiu de podre, serviu para a casta política desfrutar de holofotes por quase um ano. Em tempo: há exceções. Fossem os defensores de marginais, fossem seu acusadores, a preocupação maior foi “aparecer no filme” e a busca por holofotes não importa em que cenário. Afinal, em dois anos teremos novamente eleições gerais e as ambições pessoais e grupais – para variar – sobrepõem-se aos interesses municipais, estaduais e federais. Todo “patriotismo” termina onde aquelas ambições predominam. Se nos livramos, ainda que a destempo, do risco mais grave, em nada mudou a saia justa na qual o país se encontra: levaremos tempo para consertar os estragos da última década, causados por submissos e omissos. O país, onde a liberdade de opções políticas foi paulatinamente substituída por libertinagem no trato da coisa pública, seguirá funcionando como panela de pressão com válvulas entupidas, inclusive a de segurança. Dizia Thomaz Jefferson que “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. É hora de levar o preceito a sério…
Casado, Publisher do Jornal ABC Repórter e da TV Grande ABC, Presidente da ACISCS, Ex-Presidente da ADJORI, Ex-Presidente da ABRARJ, Ex-Professor Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Jornalista, Publicitário, Apresentador dos programas 30 Minutos e Viaje Mais.