Editorial – Indiferença

 Se o Roberto Jefferson foi o anti-herói que, há uma década, detonou o Mensalão sem chegar aos mandantes, Eduardo Cunha é seu êmulo no meio-impeachment (Sic!) da ex-presidente ímproba. Com o indiciamento ainda que tardio do ex-presidente Lula nas investigações verticais da Lava Jato, nesta quarta-feira 14/09, evidenciou-se que quem tem defensores e amigos como o PT, ele e Dilma, não precisa de acusadores ou de inimigos: sabem enrolar-se melhor sozinhos.  O fato é que faltavam as cerejas do bolo e o jogo mudou. Seguindo as investigações horizontais do Ministério Público e da Polícia Federal, não há dúvidas quanto a condenações no atacado nas instâncias inferiores do Judiciário, com incertezas deploráveis nas superiores, lastreadas na aberração de “foro privilegiado” e interesses não republicanos. Os Renans da vida apostam nisso.  Todavia, se nas altas esferas do poder o circo pegou fogo de vez, na base pouco ou nada mudou. Parece-nos que os partidos e seus candidatos à vereança e prefeitura vivem em outra galáxia, senão em universos paralelos, valendo-se dos mesmos recursos arcaicos e indigestos do passado: o que interessa é o poder a qualquer custo e as cidades que se danem, por razões que já citamos à exaustão. 
Pesquisas indicam, na modalidade espontânea de vários municípios, que mais de 60% dos eleitores estão “indecisos”, para não dizer indiferentes. É ruim, hein?